quinta-feira, 26 de março de 2015

TRILHA COSTEIRA DE ZIMBROS



TRILHA COSTEIRA DE ZIMBROS - SANTA CATARINA - BRASIL


PARA QUE FACILITAR, SE DÁ PARA DIFICULTAR.

Para se chegar até ela, que fica no Estado de Santa Catarina, entre os municípios de Bombinhas e Tijucas, para quem está em Curitiba, é só descer a serra pela BR 376 e depois 101, até Bombinhas, num total de aproximadamente 270 km. Isto para fazer a trilha de Zimbros para Tijucas (Sta. Luzia). Para fazer no sentido contrário, a quilometragem é um pouco menor, e não precisa entrar por Porto Belo, basta seguir até próximo a Tijucas, ir à esquerda para Sta. Luzia, e pronto.

Mas considerando que estou de férias e tenho tempo para uma “voltinha”, disse à Carmo que a gente deveria partir de Curitiba e seguir para onde o nariz apontasse. Parecia uma brincadeira, e não deixava de ser, mas a verdade é que não tínhamos muita certeza para onde iríamos; inclusive se iríamos até essa trilha. Tínhamos planejado dias antes, inclusive, ir até Iguape, no litoral sul de São Paulo. Partimos, enfim, na segunda-feira, dia dois de março deste ano de 2015.

Como disse, o nariz apontou para a Graciosa. Seguimos pela BR 116, por ser um pouco mais fácil, pois tínhamos muitos quilômetros pela frente até o destino pensado para pernoite: Tagaçaba. Pois é, resolvemos ir até o Lagamar, na divisa dos estados do Paraná e São Paulo. Para isso, teríamos que passar pela temida Trilha do Telégrafo.
Deixando Curitiba pela Linha Verde Norte (obras ainda nem começaram).

Portal da Graciosa
Portal da Graciosa
Portal da Graciosa

Graciosa

Graciosa
Graciosa



Graciosa

Graciosa

Graciosa

Estrada São João - Antonina


Estrada de Guaraqueçaba
Descemos a Graciosa e almoçamos na entrada da estrada para Guaraqueçaba, perto de Antonina. Dali, seguimos pelo asfalto por mais 17 km, passando pelos recantos Rio dos Nunes e Rio Cacatú e, então, chegamos à estrada de chão e pedras, que leva até Guaraqueçaba. Menos de 40 km depois, e já no final da tarde, chegamos a Tagaçaba, onde pernoitamos. 125 km no total do dia.


Estrada de Guaraqueçaba
Estrada de Guaraqueçaba

Estrada de Guaraqueçaba

Estrada de Guaraqueçaba

Estrada de Guaraqueçaba



TRILHA DO TELÉGRAFO

Tagaçaba
Dia seguinte e era hora de enfrentar “a trilha”. Foram 30 km até a entrada para o Salto Morato. Não entramos, porque já conhecíamos de outras pedaladas, e também por falta de tempo, pois sabíamos das dificuldades que vinham pela frente. Mais 2 km e chegamos ao início da estrada que leva até a Vila de Batuva, ainda no Paraná, local do início da Trilha do Telégrafo. Guaraqueçaba fica cerca de 15 km para frente.
Rio Tagaçaba


Rio Tagaçaba

Estrada de Guaraqueçaba

Estrada de Guaraqueçaba
Estrada de Guaraqueçaba

Estrada de Guaraqueçaba

Estrada de Guaraqueçaba

Bica de água no caminho (Serra Negra)
Vista do mirante

Vista do mirante
Vista do mirante

Mirante da estrada - Guaraqueçaba ao fundo

Mirante
Mirante

Entrada para a reserva do Salto Morato

Rio Guaraqueçaba

Estrada de Guaraqueçaba

Rio Guaraqueçaba


Até Batuva foram mais 17 km.
Estrada para Batuva

Rio de águas cristalinas no caminho para Batuva
Estrada para Batuva
Lá fizemos um pequeno lanche à base de ovo com pão com a Dona Antonia, a “Nica”, no único comércio do local. Partimos para o perrengue. E que perrengue! Apesar do tempo bom, havia chovido nos últimos dias, e a trilha estava muito elameada. Pedalamos muito pouco; carregamos, e muito, as bicicletas pesadas pelos alforjes. Por vezes enterramos nossos pés até os joelhos na lama fofa. A tarde corria solta e não saíamos do lugar. A Carmo, fora de forma em função dos seus joelhos acidentados de meses atrás, foi a que mais sofreu, e a certa altura, depois de prender sua bicicleta no vão de uma pequena ponte, sentou na lama e começou a chorar, dizendo: “chega, não aguento mais...”.
Início da Trilha do Telégrafo

Trilha

Trilha

Trilha


























Acho que a verdade é que o choro é de emoção por estar ali comigo, num lugar ermo e lamacento (rs). Depois de passar por um poste remanescente da época do telégrafo, percebemos que estávamos na reta final, de menos de um quilômetro, mas que não acaba nunca. Resumindo, foram cerca de três horas para percorrer apenas 7 km. Já fiz na metade desse tempo, mas estava bem mais seco, e pude pedalar por mais vezes.


Remanescente do poste do telégrafo

Nossa intenção era passar pela trilha e seguir até o Ariri, mas conhecia a estrada e sabia que não haveria tempo suficiente para isso. Passamos, então, para o plano “B”, criado ali na hora, é claro. Depois da trilha, 3 km depois, tem uma vila, chamada Santa Maria, à beira do rio Taquari. Também já conhecia o local e o no único bar da vila havia a possibilidade de abrigo.

Lá chegando procurei pela dona Augusta, mas ela estava em Cananeia. Pensei que teríamos dificuldades, mas logo fomos avisados que ela chegaria logo, de ônibus, que faz a linha até lá apenas duas vezes por semana. Aproveitei o tempo para ir com as bicicletas até o rio Taquari, ajudado pelo Romeu, marido da Augusta, para dar um bom banho nelas. Aproveitei para me banhar também, para tirar o excesso de lama e também escapar das botucas.

A Augusta chegou, nos recebeu e logo foi arrumar um dos quartos da casa para nós, e em seguida botar o feijão na panela, para fazer uma janta. Um dos seus filhos, que mora e trabalha em Curitiba, está de férias, e também chegou junto com ela para passar o mês com seus amigos e familiares. A casa é grande e acomoda todos; ela inclusive está construindo na parte de cima, também em alvenaria, onde o abrigou, mesmo sem total acabamento.


LAGAMAR

Acordamos cedo e antes das sete já estávamos na estrada. Dali até a estrada do Ariri foi 4 km, e de lá até o destino mais 25 km.
Deixando a Vila Santa Maria
Deixando a Vila Santa Maria


Deixando a Vila Santa Maria

Deixando a Vila Santa Maria

Deixando a Vila Santa Maria

Os primeiros 10 km desses 25 estavam em obras de recuperação, com muitas pedras, e é um trecho de subidas e descidas, como um tobogã. Depois foi só curtir a estradinha plana até o Ariri, uma pequena vila de pescadores que fica junto ao canal do mesmo nome, que separa novamente os estados de São Paulo do Paraná. Lá, nessa região do Lagamar, ainda se avistam os Guarás, aves do tipo das garças, porém avermelhadas, e que já foram abundantes. Alimentam-se de pequenos caranguejos vermelhos, dando essa coloração às suas plumas. Uma beleza!


Estrada do Ariri


Estrada do Ariri
Estrada do Ariri

Estrada do Ariri

Ariri - SP

Canal do Ariri

Ariri
Ariri









Fizemos um pequeno lanche e aguardamos um contato para fretar um barco para Superagui. Negociamos o preço (caro), e de voadeira seguimos pelo canal do Ariri e depois do Ararapira. 


Guarás no canal do Ariri

Vista do Ariri
Travessia de barco pelo canal

Igrejinha da antiga Ararapira
Travessia


Já em areias paranaenses, seguimos por mais 25 km até a vila; parte maior pela Praia Deserta, e parte menor por uma trilha. 



Praia Deserta - Superagui - PR
Praia Deserta - Superagui - PR

Praia Deserta - Superagui - PR

Praia Deserta - Superagui - PR
Praia Deserta - Superagui - PR
Início da trilha para a Vila de Superagui
Trilha para Superagui

Trilha
Trilha

O dia seguinte foi de descanso.


Superagui
Superagui

Superagui
Superagui

Superagui - Vista do Farol da Ilha do Mel - ao fundo
Superagui

Superagui
Superagui

Adicionar legenda


Percebe-se que mudamos os planos justamente nesse período. Ao invés de seguir por estradas até Cananéia e depois Iguape, preferimos voltar para o Paraná, para então seguir a Santa Catarina, e chegar até Bombinhas, para conhecer a trilha da Costeira de Zimbros.


CIRCUITO LITORAL PARANAENSE

Descansamos caminhando por 12 km nas praias desertas do pitoresco lugar. Quem conhece Superagui sabe que é um dos melhores lugares para ficar sossegado. À tarde choveu, e o jeito foi dormir... De noite resolvemos seguir caminho, e na manhã do outro dia, às sete horas, pegamos o barco de linha para Paranaguá. Pensamos em descer na Ilha do Mel; o barco passa a apenas 50 metros de lá, mas é muito alto e não tem trapiche para ancorar, e tivemos que ir até Paranaguá mesmo. O tempo estava brusco e depois de 4 horas chegamos (ficamos parados em alto mar, por um bom tempo, para consertar uma bomba de água salgada, do motor do barco).
Vista do forte da Ilha do Mel
Forte da Ilha do mel


Torre de sinalização na Ilha do Mel

Porto de Paranaguá


Paranaguá - Rio Itiberê

Paranaguá

Paranaguá

Paranaguá

Paranaguá

Matinhos
Vista de Caiobá, a partir dos Balneários de Matinhos



"Pinto molhado" na balsa
Almoçamos cedo e definimos em seguir para Guaratuba. Com chuva na Ilha do Mel não seria legal. Começamos a tarde pedalando pela estrada que leva até Matinhos, e na metade do trecho começou a chover, e a intensidade foi aumentando cada vez mais. Chegamos como pintos molhados no Ferry Boat.

Agora é dia de ficar em Guarachuva, opa! Guaratuba, para seguir ao litoral de Santa Catarina. Tomara que o domingo amanheça melhor, mas seguiremos em frente assim mesmo.


A VOLTA DE SÃO FRANCISCO

Depois de passar um sábado inteiro em Guaratuba sob chuva, sem fazer nada, resolvemos partir no domingo mesmo. O céu estava cinzento, com garoa, nessa manhã de domingo, e resolvemos esperar um pouco mais até sair.

Deixamos a cidade por volta das nove horas. Passeamos pela ciclovia da avenida da praia central, até o Morro do Cristo; atravessamos para o outro lado em direção a Coroados e depois voltamos para a avenida que dá acesso a Itapoá e Garuva.
Deixando Guaratuba
Deixando Guaratuba

Deixando Guaratuba
Praia do Morro do Cristo - Guaratuba

Praia do Morro do Cristo - Guaratuba
Coroados - Guaratuba

Coroados - Guaratuba






Havia um mormaço; não estava quente, nem frio, nem chovendo, nem vento, nem nada...; portanto, perfeito para pedalar. Seguimos sossegados até o trevo para Itapoá, e dali retornamos para beira da praia, na região de Barra do Saí. Cruzamos toda a região até chegar à estrada que dá acesso ao porto de Itapoá. Poucos quilômetros depois já estávamos entrando na estrada de chão que leva até Vila da Glória.

Itapoá
Itapoá
Itapoá

Deixando Itapoá









Estrada do Porto de Itapoá











Infelizmente a estradinha está em obras, com muita lama acumulada devido aos trabalhos para seu asfaltamento. Lembro ter passado lá um ano atrás, e as coisas não avançaram. Perto das 13h00min chegamos à charmosa Vila da Glória, que pertence ao município de São Francisco do Sul, Santa Catarina.



Estrada para Vila da Glória
Estrada para Vila da Glória


Estrada para Vila da Glória
Estrada para Vila da Glória
Vila da Glória

Vila da Glória



Vila da Glória


Queríamos atravessar para a cidade, do outro lado da baía da Babitonga, mas o horário do barco para pedestres e bicicletas, no domingo, parte ao meio dia e às cinco da tarde. A balsa parte exatamente às treze horas, mas o atracadouro fica cinco quilômetros à frente.

O jeito foi almoçar na região e esperar a próxima balsa, que saía às três.


Vista de São Francisco do Sul - SC
Vila da Glória




Vista do restaurante Jaci Zinho



Travessia para São Chico


Escolhemos almoçar no restaurante JaciZinho, onde a dona Jaci já nos conhece há muitos anos, depois de irmos diversas vezes quando dos passeios de bicicleta que passa por Garuva e acaba na Vila da Glória. Lá se come bem e muito; frutos do mar que não acabam mais... Delícia!

Fizemos a travessia até o bairro Laranjeiras, cinco quilômetros de distância de São Francisco. Estradinha asfaltada, tranquila, cheia de pés de goiaba; nossa que vontade de comer goiaba. Fui catando algumas que estavam ao alcance, e mesmo com chance de ter algum bichinho, devorei-as. Ali também tem uma casa em ruínas, do século XVI, que pertenceu ao Capitão Môr, o “Cabecinha”. Logo pegamos a estrada principal, quando fomos interrompidos pela passagem de um trem. Imaginem um trem longo; acrescentem mais alguns vagões. Pois é, não acabava mais de passar vagões (rs).

Resolvemos não entrar na cidade e seguir direto à região das praias, mais especificamente ao balneário Capri, perto da praia do Forte. Final de um dia gostoso para pedalar; pouco mais de 80 km rodados.

Deixamos a segunda-feira para caminhar pelas praias do Capri, que tem águas claras e calmas, especial para banho. Fomos até o Forte Marechal Luz, subimos o morro por trilhas ecológicas e ficamos pouco tempo por causa da iminência de chuva. Almoçamos num restaurante da região e depois voltamos a pé, totalizando 11 km de caminhada, com direito a subir morro e tudo o mais. Dia fechado e a certeza de que continuaríamos na manhã seguinte a volta pela ilha de São Francisco.

Capri



Praia do Forte
Praia do Forte

Forte Mal. Luz

Vista da Praia do Forte 

Caminhada ecológica
Museu do Forte

Forte Marechal Luz

Forte Marechal Luz

Forte Marechal Luz

Forte Marechal Luz

Forte Marechal Luz

Forte Marechal Luz
Forte Marechal Luz

Forte Marechal Luz

Vista do Porto de Itapoá, a partir da trilha do Forte

Vista do balneário do Capri, a partir da trilha do Forte

Voltamos para a estrada na terça-feira, dia 10, para fechar a volta pela Ilha. Passamos primeiro por Itaguaçú, depois Enseada, para então chegar à Prainha (ou “dos surfistas”), Sambaqui e Praia Grande. É a partir deste trecho que se chega à Praia do Ervino. Para chegar até lá são precisos percorrer 20 km por uma estradinha linda, à beira mar, porém de muita areia fofa, terrível para se pedalar. Até que desta vez não tinha tanta areia assim, mas sempre dá direito a um perrenguezinho. Pedalar pela areia da praia somente com maré muito baixa, e assim mesmo a areia nem sempre é dura, e também há uma inclinação maior em alguns momentos.


Deixando Capri

Deixando Capri

Deixando Capri

Deixando Capri - Estrada até Praia do Forte

Praia de Itaguaçú

Praia de Ubatuba, com Enseada ao fundo

Praia de Ubatuba, com Enseada ao fundo

Rio em Enseada - com Ubatuba ao fundo

Praia de Enseada

Praia de Enseada
Praia de Enseada

Prainha

Prainha (Da. Silvia ao fundo, que ofereceu hospedagem para nós na região, se precisássemos)

Sambaqui, com vista para Praia Grande

Início da Praia Grande

Sambaqui

Estrada Enseada - Praia do Ervino

Estrada Enseada - Praia do Ervino
Estrada Enseada - Praia do Ervino

Estrada Enseada - Praia do Ervino
Estrada Enseada - Praia do Ervino








Outro fator é o vento, que para variar estava contra; o sol já começava a castigar também. Tudo isso é absolutamente compensado pela vista do mar, das dunas que acompanham o passeio por um bom tempo; as ilhas ao longe e a vegetação interessante.

Estrada Enseada - Praia do Ervino




Como não saímos muito cedo, e não tínhamos nem ideia de onde iríamos parar para dormir, seguimos bem lento, curtindo mesmo, e paramos para almoçar na praia do Ervino. 
Praia do Ervino

Então chegou a hora de decidir por mais perrengues: seguir quilômetros (mais de 30) pela estrada secundária, até a principal, atravessar pela estrada o canal do Linguado, e depois voltar até Barra do Sul, ou seguir por uma via de acesso em areia, por “apenas” cinco quilômetros? Ocorre que a segunda opção exige duas tarefas: primeiro transpor o areão até o canal, e, segundo, conseguir atravessar o canal do Linguado até Barra do Sul.

Escolhemos a segunda opção. Quando estivemos lá numa outra oportunidade, fiquei preocupado em seguir esses cinco quilômetros e ter que voltar; resolvi dar a volta (estava com a Carmo, a Lizandra e o Heron). Desta feita resolvi não “amolecer” e enfrentar a estradinha. Uma loucura quando chega à trilha de areia. Lembrei uma viagem que fiz com o Rubens no Nordeste, no Ceará, quando também tivemos que passar um trecho desse tamanho por areias fofas e quentes. Com certeza a Carmo foi quem mais sofreu; empurrar as bicicletas pesadas, pisando com sandálias papetes as areias ferventes, não é moleza não...
Estrada para a Barra do Canal do Linguado
Trilha de areia para a mesma barra

Pensando bem, deveríamos ter ido pela praia mesmo, independente das condições da areia, acredito que seria um pouco mais fácil. Mas, enfim, chegamos à barra. Ali, mais um suspense. Apesar da pouca distância para o outro lado, dando para ver as pessoas do outro lado, inclusive Guardas-vidas, com uma lancha de borracha, não avistamos um barco sequer; comecei a ficar preocupado e a apitar, fazendo gestos. De repente, avistamos um barco de pescador vindo pelo nosso lado direito, para dentro do canal; não era possível ver como era o barco, porque estava distante e seguia pela outra margem. Quando chegou mais perto vi que era perfeito para nos atravessar; apitei, eu e a Carmo gritamos, fizemos sinais com o braço, e o condutor nem se mexia. Ao se aproximar da nossa linha de visão, ele simplesmente virou à sua esquerda e veio em nossa direção; fiz sinal e apitei novamente, e ele fez apenas um gesto, mas logo chegou do nosso lado e assentiu em nos atravessar. Simples assim (rs).

À beira da barra
Barra do Linguado - Barra do Sul


Travessia para Barra do Sul












Durante a travessia perguntei ao pescador se ele estava de passagem por ali, e ele prontamente respondeu que não, que avistou a gente e logo se prontificou a ir ao nosso encontro. Disse que faz isso com certa frequência, pois é comum pessoas a pé, ou de bicicleta, precisarem fazer essa travessia. Já em terra firme, perguntei quanto era, e ele respondeu: - o que o senhor achar justo; pode ser um trocado aí. Considerando tantas travessias que fiz, em tantas outras vezes e em diversos lugares, dei R$ 10,00. Estou dizendo o valor, porque um dia vocês talvez precisem dele, e ficam com a ideia do que é justo. Na verdade nem eu sei se fui justo, ou até supervalorizei a tarefa. Ele demonstrou satisfação.
Travessia para Barra do Sul


Agora era só seguir tranquilamente até Barra Velha. Tranquilamente? Por quê? Não tem perrengue? É..., não pode ser tranquilo mesmo. Vento contra; o calor e, principalmente, muita areia naquele trecho, deixaram o passeio um pouco mais cansativo. A estradinha até que é bacana, já fizemos outras vezes; é que estão trabalhando nela para asfaltar, e isso prejudicou um pouco. De qualquer forma chegamos a Barra Velha quase no final da tarde, e resolvemos parar por ali mesmo.
Estrada de areia Barra do Sul - Barra Velha

E as bicicletas, como estão? Nossas “29”, de alumínio, freio a disco, estão bem, obrigado. Carregam-nos, ou nós as carregamos por aí, com muita felicidade. Porém - e sempre tem um porém -, com muita areia que tomaram, apesar de eu ter lavado bem quase todos os dias, algumas engrenagens ficam mais sensíveis, como o cubo traseiro da minha, e o freio a disco traseiro da bicicleta da Carmo. Passamos numa bicicletaria e demos uma ajeitadinha para poder continuar numa boa. Apenas uma limpeza e um ajuste. Podia fazê-lo, mas como estávamos numa cidade, procurei um profissional. Hora de descansar, porque no outro dia tem mais.

"Lagoa" de Barra Velha
Barra Velha


"Lagoa" de Barra Velha





COSTA VERDE & MAR

O Estado de Santa Catarina é muito rico em belezas naturais, e o trecho entre Barra Velha e Bombinhas é apenas mais um dentre esses lugares maravilhosos. Já cruzamos de bicicleta essa região muitas vezes, principalmente nos últimos 15 anos, mas nunca é demais voltar pra lá. Como estávamos seguindo rumo sul, porque não descer mais um pouco, não é? E agora tem até nome próprio... O circuito de cicloturismo inclui ainda os municípios de Camboriú, Ilhota e Luis Alves, que não ficam beira mar, e que desta vez não fizemos.

Foi então que na quarta-feira, dia 11, deixamos Barra Velha e seguimos em frente. É claro que pela costa e não pela BR 101. Passamos por Itajuba, Praia do Grant e depois a grande e sossegada Piçarras. Logo cruzamos toda a extensão de Piçarras para cruzar o portal de Penha, outro encantador lugar, com praias muito lindas. Como já conhecíamos, e queríamos adiantar um pouco mais, seguimos pela estrada mesmo, um pouco afastada do mar. Passamos pelo Parque Beto Carrero World, mas não entramos; também já estivemos lá, e embora seja bacana, agora não era a hora, hehe.

Barra Velha
Barra Velha






Barra Velha
Chegando à Costa Verde & Mar



Piçarras
Piçarras




Piçarras
Piçarras




Piçarras
Rio Piçarras




Chegando ao Município de Penha
Estacionado na ciclo-faixa e ainda deu tchauzinho...


Na frente do Beto Carrero
Beto Carrero




Também não subimos o morro para o mirante da Praia Vermelha, mas aconselho a quem passar pela região; é muito linda a vista de lá. Na sequencia chegamos à praia de Gravata, já no município de Navegantes. Pedalamos pelo calçamento de madeira à beira da praia até onde deu, e a vista também é linda; depois, para não seguir na contra mão, pegamos a rua paralela, fora da visão do mar, para chegar até o centro da cidade e embarcar na balsa. No caminho almoçamos em Meia Praia. Pois é, lá também tem uma praia pela metade (rs).

Chegando a Navagantes
Praia de Gravata, Navegantes






Meia Praia - Navegantes (deixando a marca no restaurante...)

Fizemos a travessia rapidinho de Navegantes a Itajaí com a balsa. Como a ideia é de sempre seguir pela praia, fomos em direção aos Molhes da Barra e o Farol; a vista dali é linda, onde se vê a praia de Atalaia logo ao lado, e Cabeçudas, mais à frente, local que passaríamos a seguir. Pegamos a charmosa estradinha cheia de curvas em direção a Cabeçudas, onde fica a estranha e interessante formação rochosa chamada “Bico do Papagaio”.

Travessia de balsa Navegantes - Itajaí
Molhes da Barra - Itajaí



Molhes da Barra - Itajaí
Molhes da Barra - Itajaí




Molhes da Barra - Itajaí
Molhes da Barra - Itajaí




"Bico do Papagaio"



Atravessamos o morro até a Praia Brava; passamos desembarcados pela chamada “Lagoa da Brava” até chegarmos à Praia dos Amores e ao morro que dá acesso a Balneário Camboriú. Esses trechos de praia, que antigamente eram pacatos e com poucas construções, agora se vêm cercados por grandes condomínios, prédios altos e tudo o mais. É o “progresso”...
Cabeçudas - Praia Brava
Vista de Balneário a partir da Praia Brava




Praia Brava
"Lagoa da Brava" com Balneário ao fundo





Do alto do morro a paisagem é belíssima da cidade de Balneário Camboriú, embora seja a visão de prédios, kkkk. O contraste entre os prédios e o mar, mais o verde das montanhas ao fundo, até que é bonito mesmo. Atravessamos toda a orla, da barra norte à barra sul. No extremo atravessamos o rio Camboriú com um barquinho público, sem pagar nada; tudo para não ter que dar a volta pela estrada, para pegar o acesso ao Inter Praias.
Último morro para chegar a Balneário Camboriú
Descendo...




Balneário Camboriú
Balneário Camboriú


Rio Camboriú
Travessia do rio Camboriú





Belas vistas mais para frente, no morro da praia Vermelha; depois praia de Taquaras, Pinho (não, não ficamos pelados lá, se é o que vocês iriam perguntar), Estaleiro e Estaleirinho. Trechinho complicado esse para pedalar; é um tal de sobe e desce sem parar, de esquentar as panturrilhas, e com o peso dos alforjes, o jeito às vezes é carregar a bicicleta montanha acima. Mas é compensador... A sequencia foi chegar a Itapema para pernoitar.


Bela vista de Balneário Camboriú - Início do Inter-Praias
Bela vista de Balneário Camboriú






Bela vista de Balneário Camboriú
Bela vista de Balneário Camboriú








Inter-Praias
Inter-Praias


Inter-Praias

De Itapema até Bombas, no município de Bombinhas, são poucos quilômetros a percorrer. Fizemos primeiro a extensão da areia da praia, passando por Meia Praia, já por ciclovias, até chegar ao rio Pereque; do outro lado do rio fica a praia do mesmo nome, pertencente ao município de Porto Belo. Ali cruzamos com um casal de ciclistas, que passeava pela região; tratava-se do Leandro e da Sueli, que exploravam o lugar, e embora morassem por lá, confessaram que tinham muito a conhecer. Cheguei a perguntar sobre a trilha de Zimbros, que nos interessava, mas eles não conheciam. Deixei nosso cartão do blog Curtindo a Vida de Bicicleta, e eles ficaram de manter contato.

Itapema
Itapema


Itapema
Itapema


Itapema
Itapema




Meia Praia - Itapema


Meia Praia - Itapema
Meia Praia - Itapema



Mais um pouco, agora já passando perto do centro de Porto Belo, encontramos outro ciclista, o César Cintra; um pernambucano radicado naquela região, e que tem uma boa experiência em viagens de cicloturismo. Falei com ele também sobre a trilha, e ele disse conhecer sim, que teria feito três vezes, pelo menos, mas não sabia como era o estado dela no momento; se era possível percorrê-la completamente. Peguei seu telefone, para talvez contatá-lo no dia seguinte para pedalarmos juntos.

Porto Belo
Araça


Passamos o resto do dia apenas descansando, curtindo a beleza e o sossego da praia de Bombas onde nos hospedamos, e que por ser “baixa estação”, os preços estavam mais em conta e tinha apenas um pouco de movimento de turistas argentinos.


TRILHA COSTEIRA DE ZIMBROS

Deixamos a sexta-feira 13 para fazer a trilha Costeira de Zimbros. Enrolamos um pouco na saída, com certa preguiça, e deixamos a pousada apenas por volta das dez horas. Um erro, é claro, para quem vai fazer trilha, com sol de verão a pino. Descobrimos isso na pele logo em seguida. Acabei não ligando para o César.


Zimbros
Zimbros
De Bombas até Zimbros, no local onde começa a trilha, foram apenas 8 km, por estrada de asfalto. 



Zimbros

Pegamos a praia, já no seu final. Antes perguntei a pescadores sobre o estado da trilha, e a resposta foi aquela que eu imaginava: com o movimento de verão, muita gente passou por lá, e a trilha estava “batida”, sem problemas para se locomover. Era uma meia verdade, se é que dá para se expressar assim. Na “boca” da trilha ainda conversei mais uma vez com banhistas, e uma senhora confirmou que a trilha estava boa, mas não acreditava ser possível fazer com as bicicletas.

Início da 
Os primeiros metros fazem você pensar que é tranquilo, mas... Não demora muito e começam os perrengues, na forma de subidas com a trilha em barro, às vezes úmido, com rachaduras típicas daquelas feitas por motos; e foram feitas por motos sim. Ninguém na trilha além de mim e da Carmo. Aliás, uma cadelinha branca, uma mistura de Pit Bull com Dálmata (é claro que não era, mas só parecia – não dava para reconhecer uma raça), desde o início da trilha passou a nos acompanhar. Ia sempre à frente, demonstrando conhecê-la bem; praticamente serviu de guia e companheira para nós, o que abrilhantou ainda mais o passeio. 
Passo a chamá-la de Guia





Como eu ia dizendo, a trilha era difícil mesmo, nenhuma chance para pedalar; carregar as bicicletas era uma necessidade apenas porque sabíamos que iríamos utilizá-las para retornar por estradas até Bombas, caso contrário... Mas o contato direto com a natureza, as praias isoladas que apareciam de tanto em tanto tempo, fez com que esquecêssemos um pouco os perrengues que passávamos. Primeiro a praia do Cardoso, a 500 metros do início, e com cerca de 300 metros de extensão. Mais 350 metros e chegamos à Praia da Lagoa, praticamente do mesmo tamanho que a anterior, e tão bonito quanto.




























Pouco mais de um quilômetro para chegar à Praia Triste; pequena (pouco mais de 200 metros de extensão), mas também bela como as outras. E mais um quilômetro e chegamos à praia Vermelha, a maior de todas, com 620 metros de extensão. Lá tem uma casa de pescador, pastagem, uma figueira imponente e um pequeno lago (na verdade um rio, mas que fica represado conforme a maré). Cerca de 800 metros depois, mais uma praia, a da Ponta Grande, onde também há casa de pescadores, e é bem pequena, com pouco mais de 100 metros.










Um trecho mais longo até a próxima praia nos esperava, porém, para nossa surpresa, era o mais fácil, digamos assim, pois a trilha deu espaço a uma espécie de estradinha de chão; em péssimas condições para veículos na maior parte, mas muito melhor para trafegar de bicicleta, e então pudemos, enfim, pedalar um pouco. Foram 2 km até a última prainha, a do Cangua, segundo um morador de Porto Belo que encontrei depois. Próxima 1 km do final da trilha, em Santa Luzia, o local acabou por nos proporcionar o primeiro encontro com pessoas; um pai com seus dois filhos pequenos chegavam à praia naquele momento, a pé, com varas de pescar à mão...

























Durante a travessia da trilha, que levou mais de três horas para percorrer seus 9 km, havia pequenos rios, ou nascentes, com bicas para apanhar água. Em uma delas a Guia foi tomar seu banho delicioso. Apesar da dificuldade, vale à pena percorrer essa trilha. Praias desertas, e todas com um riosinho chegando nelas; tem uma cachoeira também, mas é preciso subir o morro por cerca de 800 metros; vista maravilhosa para Zimbros ou para Tijucas e Governador Celso Ramos. Com certeza sem as bicicletas é mais fácil e mais rápido, mas para quem é ciclista sabe que às vezes a gente precisa enfrentar esses perrengues.

A trilha acaba como disse, no bairro Santa Luzia, onde almoçamos. Servimos um pouco de nossa refeição à Guia. A Guia ficou o tempo todo à nossa espera, e quando pegamos a estrada, agora asfaltada, para Porto Belo, voltando para Bombas, ela voltou a nos acompanhar. Com pena, pedi à Carmo para pedalar bem devagarzinho, mas mesmo assim era muito para um cachorro, que demonstrava cansaço, com a língua pendurada. Tivemos que parar para consertar o pneu da bicicleta da Carmo, e a Guia aproveitou para procurar água. Achou. Na verdade achou um alagado, esverdeado, composto por muito estrume de vaca; ela saiu de lá toda suja e muito fedida.



























Sabia que ela precisava de um banho, e resolvi parar no início da praia central de Porto Belo. Imediatamente ela nos deixou e foi para o mar se banhar; certamente ela sabia que estava fedida. Voltamos para a estrada; subimos o paredão que acessa o município de Bombinhas, para chegar a Bombas. E a Guia atrás. Paramos defronte à Pousada e nos despedimos; seguimos pelo corredor e olhando para trás ficou a imagem dela, sentada e olhando com aquela carinha de cachorro que caiu da mudança... Nos fundos do terreno tem a entrada para os quartos e um bom espaço, inclusive com uma pequena piscina. Entramos no nosso quarto, mas tivemos que sair em seguida, pois a Guia estava dentro do terreno a nos procurar.


Porto Belo















Porto Belo







Bombas

Ficou feliz em me ver, mas acompanhei-a até o portão da frente, que estava fechado. Percebi que ela havia pulado o muro lateral. Fiquei para o lado de dentro e ela para fora; ela foi ao terreno baldio ao lado e tentou pular o muro (confirmado!). Não deixei. Voltamos para dentro; logo a guia estava lá de novo. Eu e a Carmo tivemos a mesma ideia, praticamente juntos: o jeito era conduzir a Guia até Zimbros, para perto da trilha, onde a encontramos.

O cão "Guia"
Lá fui eu até Zimbros novamente, de bicicleta; a Guia atrás é claro. Já perto da região comecei a perguntar para a garotada e pessoas locais, se conheciam o cachorro, que estava com uma coleira de couro, mas ninguém sabia de nada. Já bem perto ainda tentei mais contato; algumas pessoas no comércio que parei tentaram ajudar; deram água para a Guia. Chegaram a dizer que a Guia havia me escolhido e eu poderia ficar com ela... Assim que a Guia se distraiu um pouco, fiz uma manobra rápida para voltar e parti em velocidade. A Guia percebeu e me seguiu por instantes. Ela estava cansada, e não tinha chance com a minha velocidade. Dei uma última olhada e já não avistava mais ela. Fiquei com o coração apertado... Tomara que ela tenha encontrado seu dono ou outra pessoa local que a adotasse.


ÚLTIMAS PEDALADAS

Separamos o sábado para caminhar pelas praias, - inclusive pegamos a pequena trilha que dá acesso à charmosa praia do Ribeiro, onde nos banhamos em suas águas calmas e cristalinas -, descansar e bater papo com os outros hóspedes da pousada. Muito sossego.
Praia do Ribeiro

 

 


Pensamos em voltar para casa. Pedalando teríamos que subir a BR 376, que não é nada “romântica”; já fiz isso algumas vezes, mas a Carmo não, e não queria arriscar. Fiz consulta na internet com empresas de ônibus, e tinha passagem de Bombinhas para Curitiba no domingo, às 16:00. Disse pra Carmo que poderíamos seguir mais em frente, em direção a Curitiba, pedalando, e depois pegar um ônibus; ela topou.

No domingo pela manhã deixamos Bombas e seguimos para a estrada. Tudo tranquilo, mas por duas vezes tive que consertar o pneu da bicicleta da Carmo. Aliás, até ali só ocorreu isso com a bicicleta dela. Nada de mais, é claro. Retorno tranquilo, tempo bom, sem chuva, sem muito vento, enfim, muito bom para pedalar. Cruzamos o túnel sob o Morro do Boi, passamos por Balneário, Itajaí, Penha, Piçarras, tudo pela estrada; não seguimos pela costa como na vinda. Pouco depois de Piçarras senti que o pneu da frente da minha bicicleta estava furado. Como esvaziava pouco, parava de quilômetro em quilômetro para encher, afinal estávamos perto de Barra Velha, era cedo ainda, e de lá escolhemos para pegar o ônibus para Curitiba. 
Deixando Bombas
Vista de Bombas

Saída do túnel sob o morro do Boi


Vista de Balneário Camboriú, a partir da saída do túnel

Deu certo. Rodamos 79 km nesse dia. Pegamos o ônibus às 16h50m e chegamos bem à nossa casa no começo da noite. Resultado da “brincadeira”: mais de 650 km percorridos em duas semanas. Lugares já conhecidos nossos, mas sempre encantadores, que valem à pena retornar sempre. Momentos de paz, liberdade, sossego e tantos outros benefícios para o corpo e para a alma.