sábado, 13 de setembro de 2014

LENÇÓIS MARANHENSES

LENÇÓIS MARANHENSES

BARREIRINHAS

03 de setembro de 2014


Imaginem uma área que compreende 70 km de comprimento, na sua parte mais longa, à beira de praias desertas, e 25 km de largura, na sua parte maior. Nem sei quantos quilômetros quadrados isso representa, mas conheço muito das belezas que lá estão: Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses (criado em 1981). Em linha reta, pouco mais de 100 km de São Luís; por estradas chega-se lá por Paulino Neves, "onde começam os Lençóis...", a 150 km, ou Barreirinhas, cidade maior, a 250 km.

Cenário de rara beleza, os Lençóis compreendem uma infinita série de dunas móveis de areia branca suave, que represam a água da chuva entre elas, formando lindas lagoas cristalinas, de cor geralmente esverdeada, e algumas em tom azul. Lembram imagens de deserto africano, porém com oásis de água e algum verde de vez em quando, de restinga. Percorrer a pé a região é fantástico; poder presenciar o por do sol, então... deslumbrante! 

Tiramos esse dia justamente para visitá-lo a partir de Barreirinhas, negociando um frete em um carro Toyota 4x4, comum para esse transporte, e praticamente único veículo com condições de atravessar as barreiras (sem trocadilho) que a estrada impõe, consistente em muita areia fofa e trechos alagados em certas épocas do ano. A média é de R$ 50,00 por pessoa. 



A manutenção das águas nas lagoas depende exclusivamente da quantidade de chuva na época chamada de "inverno" (janeiro a julho), e secam rapidamente, em poucos meses (agosto a dezembro), caso o volume tenha sido baixo. O sol se encarrega de secá-las. Na região de Barreirinhas existe lagoa perene, como a Lagoa dos Peixes, que jamais seca, e inclusive abriga uma boa quantidade de pequenos peixes, e é muito visitada pelos turistas, porque é garantia de um banho refrescante em qualquer época do ano. A Lagoa Bonita e Lagoa Azul são as mais visitadas. Confesso que vi a Lagoa Azul com águas de cor esverdeadas... Este ano estavam com um bom volume de água.


O carro Toyota, em forma de "pau de arara", percorre a trilha até os Lençóis num percurso de aproximadamente 10 km, mas primeiro deve-se atravessar o rio Preguiças com uma balsa. Os assentos quase sempre são de madeira e sacolejam tanto que já chegamos cansados às dunas (rs). Isso também faz parte da aventura...

Escolhemos a parte da tarde para fazer a visita, pois teríamos a certeza de encontro marcado com o por do sol, imprescindível de se presenciar quando se vai até lá. Parece uma cerimônia especial quando o final da tarde chega, e todos deixam as lagoas em volta para se dirigirem a uma duna, que fica próxima ao estacionamento dos carros. Silêncio e esplendor quando o astro maior se esconde aos poucos no horizonte.
 











Caminhamos bastante por entre as dunas, tomamos banho nas lagoas, inclusive na dos "Peixes", e também, é claro, curtimos o por do sol. Dia para ficar na lembrança de todos. Eu já estive outras vezes, mas a cada visita fica registrada uma emoção diferente. Percebi na expressão daqueles que pela primeira vez visitam os Lençóis, como o Nascimento, o Fábio, o Wendell e o Juliano, que valeu à pena convidá-los para nossa aventura. Pareciam crianças rolando nas dunas até caírem nas águas da lagoa. Não teve pedalada nesse dia; mas e daí... 
 

 

 








 



 

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

PAULINO NEVES A BARREIRINHAS

PAULINO NEVES A BARREIRINHAS

02 de setembro de 2014

Primeiro abro um parênteses para falar de Paulino Neves; ou seria Rio Novo? Pois é, a cidade mudou de nome. Antigamente eram duas cidades, divididas pelo rio. O próprio rio é chamado de “Novo”, porque é novo mesmo; ele é uma derivação de outros dois rios que seguiam em direção ao rio Preguiças, mas as coisas mudaram com o assoreamento (areia das dunas), e suas águas resolveram seguir outro caminho, desaguando no mar. Cada distrito pertencia a um Município diferente (Tutóia e Barreirinhas), até ser decidida politicamente a unificação. Até hoje o lado do rio que fica para Tutóia, chama a vila de Rio Novo... Foi lá que nosso grupo tomou contato com a Tikira, uma aguardente daquela região, muito forte (acho que 90% de álcool, rs); dizem que se bebê-la e tomar banho, a pessoa fica “doidona”. Outros dizem que “basta molhar o pé”.

Quando fomos na tarde anterior até às dunas dos pequenos lençóis, procurei junto com o Neimar, visualizar um local mais apropriado para atravessá-las neste dia, fazendo um percurso mais curto e com menos perrengue, ou seja, menos areia fofa para transpor. Assim, ao sairmos pela manhã, fomos direto pelo caminho planejado. Percorremos o interior das dunas, que ainda formavam lagos de águas rasas, até chegarmos ao ponto mais difícil. Pouco esforço de cada um e vencemos as dunas, sem precisar sequer tirar os alforjes. Momentos da rara beleza, integrados com a beleza exótica dos Lençóis.














Do outro lado seguimos rente às dunas, por trilha formada por veículos que por lá trafegam e deixam a areia mais dura, até um marco que indica o sentido da praia. Havia poucos trechos em que tivemos que empurrar nossas bicicletas. Amanheceu um dia mais fresco, com nuvens, proporcionando um pedalar gostoso pela areia da praia até Caburé, depois de percorrer 25 km. Durante o trajeto aproveitamos para tomar banho de mar e o único incidente ficou por conta de um pneu furado do Juliano, arrumado prontamente. Enquanto esperávamos o conserto, eu e o Nascimento demos uma circulada pela beira da praia, e constatamos, infelizmente, uma quantidade enorme de lixo depositado e proveniente de alto mar. A origem mais provável é de descarte de navios.










Caburé é um lugar paradisíaco; uma ponta de terra que separa o rio Preguiças do mar. Aliás, são poucos metros que os separam. O por do sol de lá é sempre magnífico, e dormir na região é de um sossego só; não há energia elétrica e os geradores são desligados às dez da noite. O vento se encarrega de refrescar o sono... A água de poços está ficando salobra, e se não for feito nada logo, os restaurantes e pousadas do lugar correm o risco de desaparecer. Não há residências no lugar, apenas duas pousadas e dois restaurantes. Conversando com guias locais, estes dizem que a tendência é de os turistas se dirigirem mais para Athins, que fica do outro lado do rio, e que vem crescendo muito nos últimos tempos. Lá existe lagoa, rio, mar, e pode-se caminhar até às dunas dos lençóis; também é show!





Desta vez preferi não dormir por lá, e ganhar um dia no projeto. O barco já nos esperava em Caburé, mas como tínhamos tempo, curtimos um pouco do local e aproveitamos para tomar banho de rio, almoçar e beber alguma coisa. Por volta das duas e meia embarcamos. Pedi para o barqueiro passar no Farol Preguiças, ou Mandacaru, que fica logo do outro lado do rio, a menos de dois quilômetros. Lá fizemos uma visita ao Farol, sendo possível subir suas escadas em espiral até um mirante. A vista de 360 graus lá é maravilhosa, podendo observar a chegada suave do rio Preguiças, que descansa suas águas no mar ali próximo, formando uma barra com mata, dunas e pequena vila; avistando-se Caburé mais ao fundo. No terreno da Marinha, onde fica a torre, havia pés de caju, com frutas maduras; catamos algumas e novamente saboreamos aquela deliciosa fruta. Tomamos um gostoso sorvete de frutas regionais na Sorveteria Lençóis Maranhenses, onde se é bem atendido, com uma boa prosa.






Subimos, enfim, o rio Preguiças. São quase 40 km serpenteando rio acima até Barreirinhas, não sem antes descer nas dunas da vila de Vassouras, onde se pode comprar artesanato local, beber uma água de coco e dar comida e interagir com pequenos e divertidos macaquinhos, que já sabem que receberão algum alimento e posam para fotos. Percebemos que o macho não deixa a fêmea pegar o alimento, e para fazer isso tínhamos que despistá-lo (rs).






Em outras oportunidades subimos o rio Preguiças com barco mais lento, mas desta vez, com voadeira, em uma hora já estávamos na cidade. Pedi para o barqueiro nos deixar no atracadouro da Pousada que já era nossa conhecida, e o nosso grupo achou muito chique desembarcar direto lá (rs). Alguns não perderam tempo, e logo que se desvencilharam das bagagens foram ao rio se banhar; outros preferiram lavar as bicicletas ou então apenas descansar. O resto do dia era completamente livre. Eu apenas tive o “trabalho” de negociar nosso passeio aos Lençóis para o próximo dia. Realmente tudo estava dando muito certo. Tudo era só felicidade.