quinta-feira, 15 de maio de 2014

PRAIA DA PIPA

JOÃO PESSOA A PRAIA DA PIPA


Como já estava programado, em função do tempo disponível para a cicloviagem, deveríamos abreviar algum trecho, percorrendo com qualquer meio de transporte alguns quilômetros. Pois chegou a hora. Escolhemos esse trecho de propósito. Em 2006 seguimos até Cabedelo, atravessamos de balsa, e, depois, não seguimos até Lucena, pelo litoral, pois nos disseram não ser possível atravessar outra barra de rio lá na frente, para chegar à Baía da Traição, e, dali, para a região da divisa de estados, quando chegaríamos à praia de Pipa. Fizemos uma volta danada, quase chegando a João Pessoa de novo, para depois voltar à praia. Fora de questão desta vez.

Pedalamos até à Rodoviária de João Pessoa. Interessantes algumas observações: não havia qualquer sinalização na orla da cidade, indicando onde fica o terminal. Perguntamos para algumas pessoas e seguimos na direção indicada; a rua Ruy Carneiro, que sai perpendicular à praia de Tambaú, em duas pistas, tem aos domingos (era domingo), faixa exclusiva para ciclistas (bacana iniciativa); existe uma “outra” João Pessoa, mais antiga, histórica até, e fica bem longe da praia, fora do alcance da maioria dos turistas, e, por último, a Rodoviária fica a 10 km da praia...


Em nosso Albergue, havia uma tabela de horário de ônibus para Natal. Às 11h30 saía um. Depois das dez deixamos a hospedagem. Pretendíamos ficar na cidade de Goiaininha, onde há um acesso mais fácil à praia de Pipa, local escolhido para pernoitarmos. Depois de percorrer a orla e o centro histórico, chegamos à Rodoviária e fomos direto ao guichê da empresa responsável, e, para nossa surpresa, haviam cancelado aquele horário, ainda pela madrugada, em função da falta de passageiros. Caso fôssemos mais cedo, tinha o das 09h30, que partiu normalmente. O próximo somente 13h30.


Logo percebemos o porquê da falta de demanda: motoristas em carros particulares faziam lotação para Natal, e ficavam chamando as pessoas pelos corredores e também na parte externa do terminal. Tudo sem licença é claro. Não demorou muito para sermos abordados. Perguntamos o preço, e o motorista disse que “seguia” o ônibus, ou seja, ele cobrava o valor da passagem do ônibus (R$ 40,00), independentemente do local que parássemos, como também faz a empresa de ônibus. Pedimos por um carro grande, e o motorista nos apontou dois sujeitos do outro lado da rua. Conversando com eles, disseram que havia um colega deles com um carro maior, um Meriva, com bagageiro no teto e que certamente daria conta do transporte. Ligaram para ele, que estava perto, e logo chegou. Estava retornando de Natal com passageiros.

Conseguimos ajeitar as três bicicletas de cabeça para baixo, bem amarradas pelo motorista, que foi ajudado por nós e pelo Marcelo, um motorista de caminhão, ciclista muito bacana (está com o pulso machucado, portanto por um tempo no “estaleiro”). Partimos pouco depois do meio dia, e uma hora e meia depois já estávamos na entrada de Goianinha, bem num posto de gasolina, onde ele propositadamente parou para abastecer seu carro, que era a gás. A estrada para a Pipa ficava muito perto e resolvemos retirar nossas bagagens ali mesmo. Como havia um restaurante, almoçamos primeiro, para depois seguir nosso caminho.

A estrada que leva até a Pipa é bem estreita, mas asfaltada (em 2006 estava novinha). Passa por diversos vilarejos, alguns pertencentes a Goianinha, e outros a Timbau do Sul, ambas cidades do Rio Grande do Norte. É cheia de sobe e desce; é curta, foram apenas 25 km até o destino final. Vimos muitas barracas com artesanatos interessantes, com formato de animais, principalmente dinossauros, e tomamos um caldo de cana, com produto da região mesmo, mas o gosto não era dos melhores. Esse percurso já foi maior, é que uma estrada antiga, de areia, que leva a Sibaúma (barra do Cunhau) foi asfaltada, não sendo necessário seguir a Timbau do Sul para chegar à Pipa.









No centro de Pipa, onde fica a muvuca, encontramos uma pousada bem boa, quarto completo, por um preço muito bom, devido à baixa temporada. Resultado: não só resolvemos ficar por ali mesmo, como também ficar o dia seguinte inteiro, onde poderíamos curtir as praias de rara beleza e descansar para o último dia de pedalada, na terça, quando devemos chegar a Natal. Deixamos a noite livre para uma pizza, de forno à lenha, na encantadora vila, que é muito badalada, e o ano inteiro recebe muitos estrangeiros. Lembra o estilo da praia do Forte, na Bahia, ou Jeri, no Ceará, mas cada uma tem seu charme próprio.




A segunda-feira estava bem, mas muito bem preguiçosa. Tiramos o dia novamente pra não fazer nada. Apenas caminhamos até a praia do Amor, tomamos alguma bebida, aproveitando dia lindo de sol. Almoçamos depois na vila, demos uma olhada no comércio, para de noite fazermos apenas um lanche. 


domingo, 11 de maio de 2014

JOÃO PESSOA

PITIMBU A JOÃO PESSOA

A pousada não oferecia café da manhã, mas nós achamos até bom, pois ao lado havia uma panificadora, onde poderíamos fazer um lanche antes do pedal, e ainda por cima, no horário mais conveniente, ou seja, o mais cedo possível. O lugar talvez seja o mais frequentado pelos moradores, que logo cedo vão buscar seu pão; isso deixou um pouco confuso o atendimento, mas, enfim, conseguimos nosso lanche e partimos, passando primeiro pela praia para conhecê-la e tirar umas fotos.

 


Para deixar a cidade tínhamos, obrigatoriamente, que subir uma íngreme ladeira. Subimos desmontados e quando começamos a pedalar, a corrente da bicicleta da Carmo partiu. Como trazia comigo um “power link”, logo consertamos e seguimos em frente.
Aí começou outro perrengue, principalmente para a Carmo: muito calor combinado com muitas subidas. Foram mais de 20 km assim, e ela já começava a pifar de novo; o “radiador” estava furado. Cruzamos por diversos ciclistas, que treinavam “montanha”. Num cruzamento, quando se entra para a praia de Tambaba, o Rubens já conversava com um deles, que era o mais veloz. Tratava-se do Aguinaldo, que disse ser o único local de treinar “montanha” na Paraíba, justamente ali, quase à beira da praia.

Seus amigos, o Sergio, o Renato e mais um, que infelizmente não recordo o nome, chegaram logo e fizeram parte do breve papo. Falaram que o Aguinaldo é um dos melhores triatletas do Brasil e ele, humilde, disse que agora deveria pagar um lanche pra eles...

Descemos até a praia de Tambaba, pelo menos até o mirante; não havia tempo para sair pelados na praia (rs).

 



Perguntamos se conseguiríamos ir pela areia da praia até Coqueirinhos, local indicado pelos ciclistas para conhecermos. A areia não seria compatível, ainda mais que a maré estava ainda alta. Por cima das falésias, a Rosana, atendente de uma banca de bebidas, disse que seria mais fácil seguir, pois seriam apenas 4 km, planos, por estradinha de chão, que seguia paralela à pista. Tentamos seguir pela tal estradinha, mas começou a ficar pouco confusa, e como vimos estar ao lado da estrada, seguimos por ela. Passamos pela pequena vila de Tambaba, e depois pela entrada para Coqueirinhos, mas resolvemos não descer a falésia. Infelizmente ficamos, nesta oportunidade, sem conhecer essa praia.

Mais sobe e desce e paramos para descansar à beira da praia de Jacumã, já muito perto de João Pessoa.

 
Era cedo ainda, onze da manhã, propício para um banho de mar e um descanso depois de tanto esforço. O Rubens arriscou uns mergulhos; eu a Carmo preferimos ficar à sombra. O sol pegava forte naquele momento. Resolvemos apenas comer uns petiscos, e beber alguma coisa. Na verdade a Carmo bebeu mais do que alguma coisa... Bebeu todas; ficou preocupada em sair bambeando de lá. Depois da uma da tarde deixamos Jacumã para chegar a João Pessoa. Mais sobe e desce até entrar finalmente na cidade. Passamos ainda pelo marco oficial do país, do ponto mais oriental, ou seja, aquele mais perto da África, chamado ponta do Seixas, e também pelo novo prédio e ponto turístico da capital paraibana, a Estação Ciências.


Fomos direto à praia de Manaíra, onde nos hospedamos no Hostel Manaíra, albergue da Hostelling Internacional (eu e a Carmo ficamos no mesmo local em 2006). Na praia, antes de ir para o hostel, tomamos açaí e guaraná da Amazônia.

 

Fechamos o dia em 70 km. Quilometragem aparentemente baixa, mas de muito esforço. Por coincidência, a Carmo ficou abrigada no quarto de nome "Pitimbu”, com outras meninas, e nós, os meninos, ficamos no quarto “Seixas”.

Antes de sair para comer alguma coisa, eu e o Rubens pegamos as bicicletas, minha e da Carmo, e fomos até uma bicicletaria para ver se conseguíamos dar um jeito nas correntes e câmbios, porque estava difícil de lidar. Eu, por exemplo, estava pedalando com apenas três marchas, das vinte e sete combinações possíveis. Deixava apenas uma fixa atrás, e movia as três da frente; até a “vovozinha” tinha de usar, pode? A bicicleta da Carmo estava pior, pois o câmbio trocava as marchas a cada pedalada, e fazia um barulho feio. Passamos na loja da Cannondale, à beira da praia, e várias pessoas estavam por ali, sem fazer nada, e uma delas me disse que era melhor ir à outra loja, na rua de trás, pois, pelo horário, não iria conseguir atender.

Ao contrário daquela loja, chegamos à loja do Tôca, e fomos muito bem recebidos, e, apesar do grande movimento de clientes, bicicletas sendo entregues e ainda em atendimento, ele pediu a seus funcionários que fizessem o melhor para que as bicicletas tivessem condições de ir para a estrada novamente. Lembro que fomos primeiro ao Albergue, para deixar as coisas, para depois ir para lá, já às 17:30 de um sábado. Então, ele nos atendeu como se fosse um “golaço” aos 47 do segundo tempo. Só temos a agradecer ao Tôca e seus funcionários pelo belo exemplo de solidariedade aos
cicloviajantes. Soube, também, que o Aguinaldo, aquele ciclista lá de trás da narrativa, é seu cliente; só podia ser, não é mesmo?

Circulamos pela orla até a praia de Tambaú, comemos alguma coisa, e voltamos para mais uma boa noite de sono e descanso.




terça-feira, 6 de maio de 2014

PITIMBU

OLINDA A PITIMBU

Tínhamos pensado em seguir direto pelo litoral, até o estado da Paraíba, mas as informações pedidas foram sempre desencontradas. Olhando mapas achávamos possível atravessar as barras de rio, mas precisávamos de transporte de barcos. Existem ou não? Os locais, via de regra, não sabem dizer. Bom seria encontrar um cicloturista local, esse sim saberia nos informar. E não é que saindo de Olinda, uns 20 km, já no município de Maria Farinha, onde há um Parque Aquático muito conhecido, uma camionete nos parou; era o Rogério, outro amante das bicicletas. Ele disse que não haveria problemas para seguir até a Paraíba, mas como todos os outros que conversamos, o caminho seria pela BR 101.











Percebemos que seria difícil mesmo atravessar os estados pelo litoral; havia pelo caminho a Ilha de Itamaracá e outra barra de rio, o canal de Santa Cruz. Seguimos até a balsa. Lá os meninos que fazem a travessia cobrariam mais de cem reais para nos levar a Itamaracá. Muito caro, ainda mais sem saber se conseguiríamos passar pela outra barra. De Itamaracá para a BR 101 teríamos que voltar muitos quilômetros. O custo/benefício para conhecer Itamaracá de bicicleta estava muito alto; resolvemos atravessar apenas para o lado de Nova Cruz. Dali, alguns quilômetros (10) e já estávamos na BR. Mais 35 até a cidade de Goiana, onde paramos para “reabastecimento” num posto de gasolina.





Tínhamos saído com sol de Olinda, mas o céu estava nublado e aliviou um pouco a temperatura. Na verdade esperamos a chuva passar para sair. De Goiana até a divisa dos estados foram mais 8 km. Dali, pegamos a estrada à direita em direção ao destino do dia: Pitimbu. Cidade à beira mar, já na Paraíba. Foram mais 35 km até lá. No caminho a vila de Caaporã e Taquara. Nesse trecho furou o pneu traseiro da bicicleta do Rubens. O meu pneu dianteiro já vinha furado quilômetros atrás, mas eu fui apenas dando um “gás” para chegar sem precisar mexer. O pneu traseiro meu já havia furado no trecho antes de chegar a Goiana. No único espaço com sombra da estrada, o Rubens já nos esperava, acompanhado do Miguel, que viajava pela estrada e não aguentou parar para conversar, pois também gostava de viajar de bicicleta, mas estava algum tempo parado por complicações na coluna. Ofereceu seu guaraná em pó e deu guaraná com chá preto para bebermos ali mesmo. Gentil, seguiu seu caminho para o trabalho.

Preferimos continuar pela estrada de asfalto ao invés de passar por Acaú; além de aumentar o percurso, teríamos que enfrentar perto de 8 km de pavimentação em pedras. Chegamos com chuva em Pitimbu; ficamos surpresos com tanta chuva num local que raramente chove. Encontramos uma pequena pousada logo na entrada da vila, e resolvemos ficar por ali mesmo. Depois descobrimos que não haveria muito opção de hospedagem. Conseguimos, abaixo de muita chuva, um quiosque na praça para fazer um lanche. Cedo fomos dormir, depois de pedalar 106 km no dia.