terça-feira, 24 de setembro de 2013

ALCÂNTARA

ALCÂNTARA

17/09/2013 – terça-feira

Ficamos eu, a Carmo e o Neimar no Maranhão, para continuar a jornada pela região. Pensei, e cheguei a planejar a ida até Teresina, de bicicleta, partindo de São Luis. Seriam pelo menos cinco dias até lá, pedalando pelo sertão quase deserto, com poucas cidades no caminho, num calor infernal.

Conversei com o companheiro Neimar sobre o trajeto, e ele topou seguir de acordo com meus convencimentos. Sugeri, antes, levá-lo a Alcântara, cidade histórica, do outro lado da baía de São Marcos, mesmo porque nosso voo de retorno a Curitiba estava previsto apenas para o dia 25, na outra quarta-feira, de Teresina.

Para chegar a Alcântara pode-se chegar por terra, dirigindo, mas é preciso pegar um ferry boat para tanto, pois a volta por terra é extremamente longa. Outra forma é a pé, ou de bicicleta, como fizemos no CEPIMAPA 2010. Basta pegar a balsa no terminal Praia Grande, perto do centro histórico de São Luis. Por R$ 24,00, você vai e volta em barcos grandes, para dezenas de pessoas. Há Catamarãs que também fazem a travessia. É preciso esperar a maré subir para partir de São Luis, pois ela abaixa tanto ali, que é possível ver o lodo, e os barcos atracados ficam presos nele. Nesse dia a saída ficou prevista para 07h00, e o retorno para 15h00.

Chegamos ao terminal meia hora antes do horário previsto. Havíamos deixado o Hotel fazendo o check out, pois decidiríamos o destino durante o passeio. Pedimos, apenas, para que guardassem nossa bagagem e bicicletas até o retorno.

A travessia, que leva em média uma hora, começou sossegada. Foi possível apreciar a vista da linda cidade de São Luis e suas praias; também observamos uma grande quantidade de navios ancorados ao largo da entrada da baía, aguardando seu momento para atracar no porto. Porém logo as coisas mudaram, e o barco passou pelo canal principal, com ondas mais altas causadas pela forte ação dos ventos. Balançava muito, e alguns chegaram a pegar seus coletes salva-vidas. A preocupação recaía novamente à Carmo, lembrando a travessia da baía de São José dois dias antes. Mas acabou passando bem, e chegamos tranquilos ao outro lado, meia hora além do previsto.

Desembarcamos no simples trapiche do Porto do Jacaré, e começamos a caminhada ladeira acima até a parte principal da vila, onde se encontram os principais pontos turísticos.

É na cidade de Alcântara que fica o Centro de Lançamento, o CLA, uma base de lançamento de foguetes da Força Aérea Brasileira. Lá são feitas missões de lançamentos de satélites e testes com o VLS (veículo lançador de satélites). O local foi escolhido principalmente pelos fatores abaixo:
·         A proximidade da base com a linha do equador (2 graus e 18 minutos de latitude sul): a velocidade de rotação da Terra na altura do Equador, auxilia o impulso dos lançadores e assim favorece a economia do propelente utilizado nos foguetes.
·         A disposição da península de Alcântara: permite lançamentos em todos os tipos de órbita, desde as equatoriais (em faixas horizontais) às polares (em faixas verticais), e a segurança das áreas de impacto do mar que foguetes de vários estágios necessitam ter.
·         A área do Centro: a baixa densidade demográfica possibilita a existência de diversos sítios para foguetes diferentes.
·         As condições climáticas: o clima estável, o regime de chuvas bem definido e os ventos em limites aceitáveis tornam possível o lançamento de foguetes em praticamente todos os meses do ano.
·         A base é considerada uma das melhores do mundo pela sua localização geográfica, por estar a dois graus da linha do Equador

Infelizmente as coisas andam um pouco devagar com os testes, provavelmente devido aos altos custos e também após o acidente no interior da base, onde ocorreram vinte e uma mortes, no ano de 2003. Não é possível conhecer a base, mas um museu, na cidade, ao lado da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, permite conhecer um pouco de sua história, através de objetos expostos e projeção de filmes. Visitamos.

Visitamos praticamente todas as atrações da cidade, incluindo museus, onde foi possível entender um pouco mais da história da região, a força dos barões do algodão, que souberam da visita de Dom Pedro II à cidade, e começaram uma “briga” para recebê-lo, cada qual construindo um casarão mais lindo que o outro, até descobrirem que o imperador não chegaria até lá, e abandonaram as obras, hoje em ruínas.

“Alcântara é um município do estado brasileiro do Maranhão.Integra a Região Metropolitana de São Luis. Sua população estimada em 2004 era de 22.165 habitantes. Possui uma área de 1495,6 km².
A zona do atual município era habitada por índios tupinambás, numa aldeia chamada Tapuitapera. Os franceses estabeleceram-se aqui no início do século XVII sendo expulsos pelos portugueses. A povoação foi elevada a vila de Santo António de Alcântara em 1648 e foi durante o período colonial um importante centro agrícola e comercial. No século XIX a cidade entra num período de decadência.
Fica também perto desta cidade a ilha do Cajual, um importante sítio arqueológico do Maranhão. A presença de fósseis de espécies que também viveram na Áfricapode comprovar que a África e a América do Sul já foram um só continente. A cidade também é muito conhecida pelos seus doces de espécie. A festa do Divino Espírito Santo ("festa do Divino") é bastante difundida no estado, já que são aproximadamente 15 dias de festa durante a qual são servidos de graça "licores" e doces.” (fonte: Wikipedia)

Conhecemos igrejas, como a de Nossa Senhora do Carmo, Nossa Senhora das Mercês; Igreja Nossa Senhora dos Pretos; o campanário da Igreja de Nossa Senhora do Desterro; ruínas da Igreja Matriz de São Matias (ao lado fica o Pelourinho); casarões antigos, como a antiga cadeia, e que hoje abriga a Prefeitura Municipal e a Câmara de Vereadores.

Para quem fica um pouco mais por lá, pode seguir de barco até as praias desertas, passar por igarapés e visitar a ilha do Cajual.

No intervalo entre um monumento e outro, fomos almoçar no restaurante All Cântara Grill, do gaúcho, um bufet a quilo muito bom e a preço coerente. O gaúcho está cheio de ideias para receber melhor o turista, e fazer com que fiquem mais tempo na cidade. Está explorando melhor a região para servir de guia. Jovens locais, organizados, abordam turistas, e por um trocado os acompanham e contam a história de cada uma das atrações.

Conversando durante o almoço, antes do retorno a São Luis, resolvemos voltar para o Hotel, pegar nossas coisas e algum ônibus na rodoviária, seguindo para o sul do Maranhão.

Ainda em Curitiba, antes da viagem, fui alertado pelo Helder, nosso funcionário no Cartório, onde sua esposa possui parentes residentes nesse Estado, da existência de lindas cachoeiras no sul do Maranhão, mais precisamente em Carolina.

Foi uma correria só. Deixamos o porto da Praia Grande e seguimos a pé até o Hotel, atravessando a ponte José Sarney. Pegamos nossas coisas e as bicicletas e rapidamente voltamos à ponte, já pedalando, passamos pelo pequeno porto novamente e fomos até à rodoviária. Final da tarde, o sol se pondo, o movimento de carros e ônibus passou a ser intenso. Depois de 12 km chegamos e fomos procurar um destino. Passava das 18h00 e após darmos uma olhada no mapa do estado, resolvemos ir até Balsas, para depois pedalar até Riachão. O ônibus partia às 18h30, então foi só correr até o embarque, ajeitar as bicicletas no bagageiro e, pronto, bons sonhos.

































sábado, 21 de setembro de 2013

ROTA DAS EMOÇÕES - Chegada a São Luis

SÃO LUIS

15/09/2013 – domingo
16/09/2013 – segunda-feira

Logo cedinho já estávamos no porto para o embarque. O Mano logo chegou e começamos a tarefa de ajeitar as bicicletas na biana “Santista” (o Mano confidenciou que era corintiano, mas comprou a biana com o símbolo e nome santista, e por causa da documentação, não alterou). As bagagens ficaram na parte coberta e nós ficamos divididos pela embarcação. O Heron na proa; eu e o Neimar na popa; a Carmo, a Liz, o Maurício e o Donato ficaram na parte central, em cima da parte coberta. O Mano conduzia o barco atrás de mim, e o seu ajudante ia mais à frente, e de vez em quando retirava baldes de água de dentro do barco (!).

O começo foi perfeito; mar calmo e visual maravilhoso de ilhas e voo de alguns guarás (perto dali fica a ilha onde pernoitam). Porém, e sempre tem um “porém perrengue”, começamos a atravessar o canal; as ondas aumentaram e o vento passou a bater mais forte. O barquinho virava dali e daqui; batia nas ondas e jogava água em todo mundo. A Carmo mareou e deu comida para os peixinhos; chegou branquela do outro lado...

A travessia era para ser de uma hora e meia, mas foram mais de duas para terminar. Avistava-se São José do Ribamar praticamente desde o início, mas a cidade não chegava nunca. Quando chegou, pensamos em voltar para o mar. É que o trapiche era muito alto, estreito e cheio de cascas de ostras, extremamente cortantes. O barco balançava muito, e o Mano queria nos deixar logo para voltar para Icatú o quanto antes. Força tarefa novamente, e uma a uma as bicicletas foram subindo; depois as malas, e por fim o resto do pessoal. Ufa! Mais um perrengue transposto.

Montamos nas bicicletas e num instante já estávamos em frente à Matriz. Dia de festa do padroeiro, São José do Ribamar, que começava na semana e seguiria por mais alguns dias. Paramos numa panificadora tomar café, pois a maioria não comeu nada pela manhã. No sol quente, para variar, pedalamos pela cidade, depois pegamos uma estrada até as praias. Foram mais de 20 km e chegamos a Araçagi, ainda em SJ do Ribamar.

Triunfantes, desfilamos pelas areias largas e duras da maré baixa, passando de praia em praia, até a famosa Calhau, na parte moderna de São Luis. Almoçamos e confraternizamos numa das muitas barracas de praia da região. Água de coco, caipirinha, cerveja, refrigerantes e boa comida. Chegou ao fim a aventura da Rota das Emoções – CEPIMA 2013. Já está deixando saudades. Foram momentos de muita alegria, perrengues, pedaladas, passeios, boa comida, gente carinhosa e atenciosa, povo hospitaleiro, praias e vilarejos fantásticos. A convivência foi pacífica no grupo; é difícil estar junto de pessoas que não estamos acostumados a conviver, e todos superaram essas barreiras, e se harmonizaram.

Muitas brincadeiras, palhaçadas, piadas e também algumas bronquinhas, isso também é natural. Propus o projeto aos amigos e eles aceitaram. Tive liberdade para alterar o programa conforme o andamento das coisas, sem prejudicar a visita a quaisquer dos locais prometidos. A Rota das Emoções é tratada pelos turismólogos da região com seriedade, abrangendo paraísos naturais dos três estados nordestinos: Ceará, Piauí e Maranhão. As principais atrações ficam por conta de Jericoacoara, Delta do Parnaíba e Lençóis Maranhenses.

Depois do almoço, fizemos um tour pela cidade, inclusive a parte histórica, que por se tratar de um domingo, estava totalmente vazia. Escolhemos um hotel bom, a preço justo, perto da ponte José Sarney, no lado da ilha. 

A segunda-feira serviu para o pessoal ajeitar suas bicicletas para o transporte de volta a Curitiba. Conhecia uma bicicletaria perto do Hotel. O Mano, dono da Mano’s Bike, providenciou quatro caixas para embalar as bicicletas do Heron, da Liz, do Maurício e do Donato, que partiriam cedo na terça-feira. Eu, a Carmo e o Neimar iríamos continuar a jornada pela região (conto depois). Ressalto que o próprio Mano se encarregou de embalá-las, facilitando a vida do povo; chega de perrengues...

Dia de despedida do grupo e também de comemorar o aniversário do Maurício Volpe. Almoçamos na escola do Senac, no centro histórico. Pagamos muito, mas comemos um montão, com direito a bolo de aniversário.

Foi assim que eu vi e resumi a aventura, mas o Clayton Donato, o Neimar Guebur, Heron Mathoso, Lizandra Comparin, o Maurício Volpe e também a Maria do Carmo Riekes, podem dar a opinião deles.

Obrigado a todos pela companhia nessa aventura, mesmo que virtual, e continuem seguindo o blog, pois a viagem continua...


Abraços