segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

AVENTURA NO NORDESTE 2023


 NORDESTE 2023


De ARACAJÚ a SÃO LUÍS

2.300 km

De 19 de agosto a 02 de outubro

Dia 19, viagem de Curitiba até Aracajú. Ficamos o dia seguinte, um domingo, apenas ajeitando as coisas e passeando pela cidade, já que alguns ainda não a conheciam.

Lembro que essa expedição foi criada por mim. Faço toda a organização, e convido os amigos do grupo que tenho, o Pedal Noturno Curitiba, para participarem.

Estávamos em nove ciclistas naquele momento. Eu (Sergio) e a esposa Carmo; a Silmara (Sil), Adir, Elidio, Bassam, Wilson, Haroldo e o Fernando.

Não tem custo algum, cada um arca com suas despesas pessoais, e cuida de sua bicicleta.

Já tinha feito esse trecho algumas vezes, em partes, mas era a segunda que fazia completo, numa vez só.


PRIMEIRA ETAPA  - ARACAJÚ A NATAL


Aracajú a Brejo Grande (SE)

Tiramos o domingo para passear por Aracajú, permitindo àqueles que não a conheciam, desfrutar um pouco da mesma, e também pudéssemos observar nossas bicicletas para o início da expedição.







Dia 21 de agosto de 2023, uma segunda-feira, começou nossa aventura. 

O primeiro trecho até Brejo Grande, junto ao rio São Francisco, quase na sua foz, na divisa do Sergipe com Alagoas, foi bem difícil.

O começo foi sossegado, saindo da praia de Atalaia e seguindo por ciclovias até perto da Ponte João Alves, que liga a capital com Barra dos Coqueiros.











O clima estava agradável, pois apesar do calor, estava nublado, e o sol não castigou tanto.

Em Barra, resolvi seguir pela praia até Pirambu. Seriam pouco mais de 30 km.

O grupo, a princípio, estava todo feliz. Maré baixa, areia firme, mas o vento forte totalmente contra. Quem pedala sabe o que isso significa.

Problemas com dois bagageiros foram resolvidos quase como Magaiver. Perto da metade já tinha parceiro se arrastando.








Abortei a areia, e logo após passar por debaixo do trapiche do Porto das Cabras, desviamos por uma trilha até uma vila, e depois à “pista”, como costumam chamar as estradas asfaltadas.

Após hidratação num comércio, seguimos de forma melhor, mas sempre com o vento contra, e agora com o calor do asfalto.

O parceiro quebrado, Haroldo, deu "pt". À certa altura, com a ajuda de outros dois, conseguiu um caminhão para o levar até Pirambu, alguns quilômetros à frente.

Lá, enquanto fomos almoçar, ele ficou no soro. Diagnóstico: hipoglicemia. Não deveria continuar a jornada, pelo menos nesse dia.

Fretou um carro, que o levou até Brejo Grande, o destino programado para aquele dia.

Antes de partir, passou pelo resto do grupo e ofereceu levar os alforjes dos parceiros. Correndo, todos aceitaram; apenas eu e o Elidio ficamos com os nossos. E não foi porque não quisemos, é que não coube mesmo, o carro era pequeno.

Agora era “só” seguir pela areia da praia até Ponta dos Mangues, e depois por asfalto até Brejo Grande.












Tinha que aproveitar a maré, que apenas começara a subir. Mas os perrengues parecem que estavam apenas começando.

Problemas com a relação do Bassam. Conseguiram um rapaz para consertar; quando ele estava para sair, o parceiro Wilson, que o acompanhava, percebeu um raio quebrado na roda de trás, junto ao cassete. Mais um tempo perdido…

Enfim seguimos para a areia. Seriam mais de 40 km, sem qualquer estrutura, pois é região de desova de tartarugas, e o local também é conhecido como “lençóis sergipanos”.

A maré foi subindo, subindo, e a areia engrossando, engrossando, e as bicicletas já não andavam mais sem serem empurradas.

O sol também se pôs atrás das nuvens, e o dia se foi cedo, antes das dezoito horas.

Nesse trecho mais um parceiro se arrastava…

Quando chegamos perto de Ponta dos Mangues, a faixa de areia acabou, pois o mar tomou conta. Estava diferente de 2019, quando da última vez que estive lá.

O jeito foi passar pelas dunas, beirando uma propriedade particular, num sobe e desce lazarento, no escuro, e tateando para achar o fio da meada, ou seja, o caminho para a vila.

Segui à frente. Quando localizei o início da estradinha que levava à vila, percebi um sujeito perto de uma motocicleta. Não sei o que ele fazia por ali, e achei até que estava pescando. Mas depois o Adir me contou, que assim como nós víamos as luzes da vila, ele também avistou aquelas luzes pequenas ao longe, que ora piscavam, ora ficavam fixas. Conversando com ele, disse que ficou aliviado quando percebeu que eram ciclistas, pois tinha certeza no momento, que eram alienígenas invadindo a vila, kkk.

Finalmente chegamos. “Mortos”, é claro. Muitos com as pernas machucadas, pelas batidas do pedal enquanto empurravam.

Achamos um pequeno comércio para hidratar, e alguns já estavam atrás de carona para levar o grupo até Brejo Grande. Não deu certo; o jeito era enfrentar mais 25 km até lá. Pelo menos era asfalto.

O cansaço deu lugar à vontade de chegar logo, e não sei se foi isso, ou o guaraná com gosto estranho, que depois descobrimos tratar-se de um energético, que fez a turma correr um monte. 

As bicicletas, essas, apesar de ser o primeiro de muitos dias, já sentiam o peso da expedição. Mais um raio quebrado do Wilson, mas não tinha como ver na hora.

Noite magnífica, céu estrelado, asfalto novo, lisinho, sem subidas, vento moderado, e lá fomos nós.

A corrente da bicicleta da Sil soltava a todo instante. Bastava parar de pedalar que ela soltava. Então o jeito era não parar de pedalar... A corrente do Elidio quebrou, e ele ficou procurando-a no escuro. Eu vinha atrás e achei. O Adir ajudou a corrigir o problema…

Aos poucos o grupo foi chegando na pousada.

O amigo Haroldo, aquele da hipoglicemia, nos recebeu como se fosse o gerente, oferecendo balde e apetrechos para lavar as bicicletas, refrigerantes gelados, e já tinha pedido um delivery de pizzas.

Foram 114 kms de muitos perrengues, mas também de muita curtida.

Lendo o relato parece que foi só sufoco, e foi… kkkkkk. Brincadeira. Curtimos bastante toda a paisagem desse pequeno, mas singular litoral sergipano.

Atravessaríamos o rio São Francisco, e estaríamos no Alagoas no dia seguinte.







Brejo Grande a Jequiá da Praia (AL)

 

Pois é, depois dos perrengues do dia anterior, tivemos um dia bem mais tranquilo. Prometi ao grupo que não pegaria areia de praia, com vento contra. Cumpri a promessa.

Acordamos cedo, tomamos café, e partimos para o porto pegar um barco fretado, para atravessar o rio São Francisco até Piaçabuçu, já no lado de Alagoas. Eram oito horas. Menos de meia hora e já desembarcávamos na cidade. Fomos direto a uma bicicletaria, para fazer alguns pequenos reparos em algumas bicicletas.

Pegamos a estrada até Coruripe, onde almoçamos. Dia com sol e garoa, que se alternavam para esquentar e refrescar…

Dali seguimos por um atalho, no meio da cidade, até a estrada que retornava ao litoral. Seguimos de boa até a pousada, 72 km depois de sair de Brejo Grande.

Apenas um pneu furado, um raio quebrado do Wilson e outro meu, mas sem efeito colateral.

A pousada fica no alto de uma falésia, com uma vista incrível da barra do rio Jequiá. Hora de relaxar, descansar, porque o outro dia é dia de chegar à capital, Maceió.

Percurso desse dia foi mais curto, com 62 km.















 







JEQUIÁ DA PRAIA A MACEIÓ

 

Partimos da Pousada dos Coqueirais, em Jequiá da Praia, pouco depois das oito.


O dia já tinha nascido maravilhoso, e continuou ensolarado, mas também com as algumas nuvens, que voltaram a borrifar água refrescante na gente.

Resolvi levar o grupo pela praia, atendendo sugestão da proprietária da pousada.

Porém, ao descermos as falésias até a praia de Lagoa Azeda, percebemos que não seria possível, pelo menos antes de passar um bom tempo até a maré baixar.

Plano B: pegar um atalho pelo meio do canavial, até a pista.






Só uma subidinha com empurrabike, e lá estávamos na estrada que nos levaria até a praia do Gunga.

Nesse trecho tem um tobogã atrás do outro, tornando bem difícil, pelo calor e pelo vento forte contra, para variar.

Já na praia do Gunga, aproveitamos para almoçar. Curtimos um pouco o lugar, e fretamos três barquinhos para levar a gente até a Barra de São Miguel. Claro que dá para ir pedalando, e nem fica tão longe, mas seria um passeio bacana.









O passeio contou ainda com uma parada na piscina natural, para ver uns peixinhos.








Em Barra, pegamos a estrada até Maceió.


No meio do caminho, na praia do Francês, paramos numa bicicletaria, para colocar raios na bicicleta do Wilson e na minha (raio que eu levei para a 27,5, difícil de encontrar por lá).







Instalados na capital, o jeito era tomar um bom banho, descansar e jantar. Noutro dia, voltaríamos para a estrada e praias de Alagoas.















Maceió à praia do Patacho

 

Quinta-feira muito legal. 80 km redondos. Apenas o quarto dia de aventura. Clima agradável. Dia de sol.

De Maceió, primeiro, fomos até Barra de Santo Antônio pela AL 101, passando pela praia da Sereia, onde paramos para apreciar e tirar fotografias.

























Era a metade do caminho. A partir dali, pegamos a areia da praia até Carro Quebrado, onde aproveitamos para fazer uma boa hidratação nas barracas ali existentes, e que atendem os turistas.

Passamos lindas falésias, e por pedras, até chegarmos, quilômetros à frente, na praia do Morro.
















Ali atravessamos pelo meio do mato, até atingirmos um carreiro, que nos conduziu até o rio Camaragibe, onde um pequeno barco fez a travessia do grupo.




No outro lado, no lugar Barra do Camaragibe, almoçamos no bom restaurante e pousada Vila Patiaçu.


Recompostos, seguimos pela AL 101, passando por São Miguel dos Milagres, até entrarmos numa viela, pegarmos umas pontes bem legais, que atravessam o riacho Tabatinga (local de proteção ao Peixe-Boi), até chegarmos pela areia da praia, com a maré ainda favorável, na badalada praia do Patacho, já no município de Porto de Pedras.

Já era final de tarde, e pretendíamos dormir por ali, ou na pior das hipóteses, em Maragogi, mesmo que chegando na escuridão da noite.

O Elidio, que seguia pouco à frente, ao parar, foi conversar com algumas pessoas que brincavam, e num golpe de sorte, encontrou um dono de pousada, o Antônio, que muito solícito, resolveu abrir sua pousada só para nosso grupo, fazendo um preço muito justo para nós.

A pousada tem chalés bem bacanas, e chama-se Rede Mar. Importante frisar, que a região é cercada de hotéis e pousadas atualmente, e para um poder aquisitivo bem alto. Como nossa viagem é um pouco diferente, procuramos economizar no que dá.

Ficamos refrescando na piscina por um tempo, e depois pedidos uma boa pizza.

Dia sem perrengues, ou qualquer contratempo. Só curtição. Os músculos das pernas agradeceram (rs). Que bom.






Praia do Patacho a Maragogi

 

Na sexta-feira, dia 25, chegamos ao quinto dia de pedal, quando saímos da praia do Patacho e fomos até Maragogi.

Na verdade, passamos o dia meio que de folga, pois pela manhã demos um rolê de bicicleta pela região, com a ajuda do Antônio, que seguiu à nossa frente, de motocicleta, mostrando alguns pontos turísticos da região, como o “túnel verde”, farol e o ponto sob uma árvore centenária, em que Dom Pedro teria descansado, quando passou por aquelas bandas.

Chegamos a pensar que o nome da praia “Patacho”, fosse originário dos índios pataxós. Segundo o Antônio, trata-se do nome de uma embarcação menor, que vinha com os navios grandes, e que tinha calado suficiente para desbravar os rios.

Essa praia realmente é muito linda, e recomendo àqueles que forem à região, conhecê-la.

Almoçamos cedo num restaurante à beira da estrada, com preço baixo e comida caseira. De tarde fomos visitar as piscinas naturais, os chamados “parrachos”, ou “galés”, e desfrutar da delícia daquele mar claro, calmo e esverdeado.

Deixamos a praia no final da tarde, e já na escuridão, com nossos faróis acesos, seguindo por pistas asfaltadas, chegamos à badalada Maragogi.

Foram apenas 36 km no dia, sendo 11 do passeio, e 25 na estrada. Maravilha de cicloturismo.

























Maragogi a Porto de Galinhas (PE)


No domingo partimos de Maragogi, com destino a Porto de Galinhas. Antes porém, ainda no sábado, dia apenas de descanso, fomos até uma bicicletaria dar mais uma ajeitada na bicicleta do Wilson. 





Dia que começou mais triste, porque o amigo Bassam teve que desistir da jornada.

Ele ficou muito emocionado ao informar o grupo. Uma irritação na pele, tipo assadura, estava dificultando muito seu desempenho, causando um desconforto muito grande. Além disso, ele tinha um procedimento cirúrgico marcado para logo depois de seu retorno, entendendo que era preciso se preservar para isso.

O grupo compreendeu perfeitamente, porém todos ficaram chateados em perder a excelente companhia dele. Mas conseguimos convencê-lo a continuar mais um pouco conosco, e ao invés de retornar de Maceió, fizemos pegar o voo para Curitiba, de Recife.

Assim, ajudamos a embalar sua bicicleta, e ele acertou um frete até Porto de Galinhas. Quando seguiríamos de lá nossa jornada de bicicleta, ele seguiria direto ao aeroporto.

Com isso, além da companhia dele, ganhamos uma carona para nossos alforjes, o que é um baita alívio em cicloviagens, rs.

Foi um dia de pedal que rendeu bem, por estradas estaduais de Alagoas e depois em Pernambuco. Infelizmente, nesse trecho não dá para ir pelas praias.

Quando entramos na estrada para Tamandaré, sentido litoral, cruzamos com uma galera de bicicleta, talvez uns 500, que faziam um passeio pela região, com uma estrutura de apoio. Conseguimos conversar com alguns ciclistas, que se dispersaram do grupão. Na região tem uma pequena cachoeira, e fica encravada num trecho que ainda sobrou de mata Atlântica. Eles foram nesse lugar.

Bem, continuamos em direção à praia de Tamandaré, onde paramos duas vezes para hidratação.

Era cedo ainda para almoçar, então o melhor foi seguir até a linda praia de Carneiros, onde fretamos um barco para atravessarmos até a praia de Guadalupe, já na Barra de Serinhaém.

Lá, tivemos que trocar a câmara do pneu da bicicleta da Silmara. Enquanto fazíamos, numa sombra, seguranças armados apareceram, nos expulsando do local, dizendo que era propriedade privada, e estavam construindo um condomínio.

Não queriam nem deixar terminar o conserto. Aos poucos aliviamos a tensão deles, acabamos de montar a bicicleta dela, e eles escoltaram a gente até a saída…

A praia é pública, mas os terrenos não. Duro de aceitar, mas é assim que funciona.

Seguimos por alguns quilômetros até a vila da Barra, onde paramos para almoçar no restaurante Caldo Bom.

Foi indicado no caminho; comida caseira deliciosa, com pratos em torno de R$ 20,00, bem servidos. Eu e a Carmo comemos um suculento "à parmegiana". É disso que precisávamos.

Perto dali pegamos um barquinho, que nos levou até a praia de Toquinho, em Serrambi.

O desembarque também foi numa propriedade privada, um condomínio de casas de praia luxuosas, e mais uma vez um segurança nos recebeu. Mas nesse caso eu já sabia, de outras vezes que conduzi amigos por lá. Não ficam armados, e apenas orientam aqueles que chegam, a pegarem a rua certa para saída do condomínio.

Dali, mais alguns quilômetros até a vila de Serrambi. Normalmente pegava a estrada até Porto de Galinhas, mas nosso amigo Haroldo tinha ouvido falar que seria possível atravessar para o Pontal de Maracaípe, por jangadas.

Realmente, depois de falarmos com algumas pessoas, fomos até o braço de mar que divide os municípios. Pontal fica muito perto de Porto, e evitaríamos estrada, economizaríamos tempo e distância, além de ganhar em conhecer as belas e movimentadas praias.

Porém, para chegar a essa Barra, precisamos pular uma cerca de arames farpados. Vimos algumas pessoas saindo de lá, por aberturas feitas na cerca. Atravessei por um desses vãos, e aos poucos o grupo foi passando as bicicletas por cima da cerca e também atravessando.

Pedalamos por um trecho até chegar no campo de visão da praia do outro lado, e principalmente, dos barqueiros.

Era hora de chamar a atenção dos barqueiros, com apitos, gritos e acenos… Conseguimos, hehe.

Do outro lado, foi só pegar a estrada e logo chegamos em Porto de Galinhas, onde o Bassam nos esperava na Pousada antes reservada.

Foram 85 km, mas não foi tão difícil, principalmente pelo peso a menos, mas também pelas lindas paisagens que passamos pouco a pouco.





















































Um dia de folga em Porto de Galinhas...



Porto de Galinhas a Olinda

 

Depois de um bom descanso em Porto de Galinhas, era hora de seguir em frente.

Terça-feira, e o destino era a histórica Olinda.

Depois dos últimos ajustes nas bicicletas, percorremos as ruas calçadas do centro de Porto de Galinhas, e chegamos ao pórtico de entrada, ou saída, da praia.

O local é bastante movimentado, seja por turistas, moradores ou, principalmente, por “vendedores de felicidade”, que abordam exclamando: bom dia família… querem isso, aquilo, aquilo outro, kkkk.

O passeio de jangada até as piscinas, é o mais concorrido. Mas tem passeio de barco, de buggy, quadriciclo, bicicleta, etc.

Membros do grupo Pedal São Carlos (SP), que estavam na mesma pousada, ficaram encantados com nossa disposição, e até tiraram uma foto conosco.



Já na areia da praia, com a maré ainda baixa, fomos até a praia seguinte, por uns 3 km, Muro Alto, onde o povo pode apreciar as piscinas bem de pertinho, sem auxílio de jangadas.

Dali fomos para estrada, passando por NS do Ó, depois pela PE 009 até a entrada do porto de Suape. Até pegar a PE 028, sentido litoral novamente, nada de importante, pois era só estrada mesmo.

Ao chegar próximo ao litoral, na região da Enseada dos Corais, a paisagem ficou magnífica novamente.

Depois praia de Itapuama e do Paiva, tudo por ciclovias.

Na reserva do Paiva, atravessamos a linda ponte estaiada Arquiteto Wilson Campos Jr, que possui uma vista panorâmica para o canal do mangue, e para a bela Jaboatão dos Guararapes.

Até chegar em Jaboatão, passamos em frente à Ilha do Amor, e nas praias de Candeias e Piedade. Essa última famosa pela rústica igrejinha e pelo ataque de tubarões às pessoas. Há uma lenda que diz, que o primeiro a morrer nas bocas de um tubarão, foi um pároco local.

Paramos para tomar uma gelada e barata (R$2,00) água de coco, para então encontrar o Márcio, amigo curitibano do Haroldo, que mora por lá há anos.

Consertamos um pneu furado da bicicleta da Sil.

Fomos almoçar juntos, por indicação dele, que também nos fez companhia até o centro antigo do Recife, onde tem, além de outros elementos históricos, o Marco Zero.










Agora enfrentando o trânsito pesado, sem ciclovias, chegamos a Olinda, com mais de 80 km pedalados. Fomos até a Pousada reservada, mas estava um lixo. Nem vou expressar aqui o que sentimos, e o que passamos.

Numa outra, bem perto, fomos recebidos muito bem. Ficou a experiência e o prejuízo da reserva adiantada. Noutras vezes que passei por Olinda, já tinha ficado lá, mas está descuidada, decadente…

Bem, deixa pra lá, fomos para a área histórica da cidade, no morro, onde também lanchamos. Aqueles do grupo que não conheciam, ficaram maravilhados.

A história toda de lá, deixo para vocês “darem um Google”, rs.
















 







Olinda a Pitimbu (PB)

 

Na quarta-feira, o pedal nos levaria a outro estado: Paraíba. Mas para isso era preciso pedalar bastante, claro, e fazer diversas travessias de barco.

Registro inicial de um pneu furado da minha bicicleta, que arrumei rapidamente, mas que deixou preocupado, porque foi no lado interno da câmara.

O primeiro trecho foi até Maria Farinha, por alguns quilômetros em ciclovia à beira-mar, e outros tantos por estrada sem acostamento.




Lá negociamos um barco, tipo jangada, com motor, para ir até a ilha de Itamaracá.

Cerca de oito quilômetros depois, passando por canais e mar aberto, e em mais de uma hora, fomos deixados na praia, ao lado do Forte Orange. Estava aberto, e fizemos uma rápida visita.









Almoçamos num restaurante bem simples, mas de boa comida, e barata, alguns quilômetros adiante, dentro da ilha.

Eu já conhecia a região de outras cicloviagens, então fomos direto à praia de Jaguaribe, e em seguida a um pequeno porto, onde um barquinho faz a travessia até a praia do sossego. Para seguir viagem, saindo da ilha, era preciso ir até o pontal.







O calor do horário deixou o percurso longo, mas chegamos lá, com a ideia de que teria um barquinho para fazer a travessia. Que nada, tinha uma família se banhando lá, e mais nada.

Acenamos para um barco de pesca, mas era inaudível e ininteligível sua voz e seus gestos. Felizmente um barco tipo jangada, com motor, igual a outros que já havíamos utilizado, passava por perto.

Fiz vários gestos que precisava de carona, e o condutor não deu bola. Depois os outros parceiros gritaram e acenaram, e finalmente ele cedeu, deu a volta e parou sua embarcação.

Ele estava levando dois pescadores, apenas rodando pela região. Como o barco estava fretado, ele relutou em ajudar, mas os próprios pescadores pediram para ele nos atender.

Ufa!!! Que sufoco; seria difícil sair dali…




Ele nos atravessou até a praia de Catuama. Por estradas pavimentadas, ora por paralelepípedos, ora asfalto, chegamos a Ponta de Pedras, e depois em Carne de Vaca, local que sabia ter um barco para nos levar à Paraíba.

Passei numa pousada antes, conversei com a Dona Carmen, proprietária, deixando agendada nossa estadia, se preciso fosse. Não foi necessário, pois o seu Kéko, o barqueiro, estava disponível. 

Na verdade, ele deixa seu telefone numa placa, pregada numa árvore do entorno do bar da balsa, cujo dono é o Sergio, meu xará. Liguei pra ele, e garantiu que iria nos buscar, até porque iria atravessar um professor de Pontinhas. Avisei dona Carmem que não iríamos ficar. Enquanto não chegava, curtimos um belo pôr do sol.
















Do outro lado, rodando cerca de 10 km, por estrada de paralelepípedo, chegamos a Pitimbu (PB). Conseguimos uma pousada, e fomos comer pizza, a única opção da pequena cidade.

Enquanto comíamos, uma banda marcial fazia evoluções. Chegamos a pensar que era ensaio para 7 de setembro, mas na verdade era um concurso de bandas; cada dia uma se apresentava.

A cidade estava vazia, mas durante a apresentação, foi um fervo, e interessante que logo após seu término, sumiu todo mundo, e tudo virou um silêncio só. Talvez a chuva forte que caiu no final, tenha causado esse sumiço, não sei.

Total do dia: 66 km, e mais uns dez de caminhadas. Um bom descanso, para no dia seguinte seguir com a aventura em terras paraibanas.




 Pitimbu a João Pessoa 

 

Na quinta-feira deixamos a pousada em Pitimbu, e fomos a uma padaria tomar um café.

Antes tive que trocar novamente a câmara do pneu traseiro da minha bicicleta. Não achei nada que pudesse ter causado o furo na parte inferior. Fazer o quê…

Demoramos um pouco, mas a maré estava baixando ainda, e o objetivo era seguir pela areia da praia até Praia Bela. Pedalamos por cerca de 3,5 km, e chegamos na barra do rio Abiaí.

Já tinha transpassado essa barra noutra oportunidade, mas desta vez não quis colocar o grupo em risco. A vazão do rio estava forte, fazendo canais mais fundos, e somando-se a isso, a areia nos pontos mais rasos, era extremamente fofa, afundando a perna até o joelho.






Bem que tentei, mas resolvi voltar com o grupo até Pitimbu, e pegar a difícil estrada até João Pessoa.

Para compensar, e o horário ainda permitia, descemos até a Praia Bela, para descansar, hidratar e comer alguma coisa. Foi muito relaxante ficar naquele lugar paradisíaco.

Bem, o jeito era enfrentar novamente o sobe e desce da estrada, com um calor daqueles…

Mas rendeu bem até. Fiz contato com o amigo Marco, que está morando em João Pessoa, e ele arranjou uma pousada para nós no bairro Bessa. Eram 16 horas, mais ou menos.

Passamos antes no farol do Cabo Branco, onde fica o ponto mais setentrional das Américas. Já na praia encontramos o Marco, e ficamos abrigados na pousada.

Não estava previsto ficar mais tempo na bela cidade, infelizmente. Desta vez era só passagem mesmo. Enfim, fomos jantar e descansar.

Nesse dia foram aproximadamente 75 km.

























 

João Pessoa à Baía da Traição (RN)

 

Na sexta-feira, dia 1 de setembro, completamos 12 dias de pedal. E foi um dia até de certa forma sossegado, por volta de 50 km apenas. Mas não sem perrengues.

Já na pousada, tivemos que consertar pneu que amanheceu furado.

Percorremos a orla norte de João Pessoa, indo até Cabedelo, na ponta da península. Lugar famoso pela praia do Jacaré, onde um saxofonista toca o Bolero de Ravel ao pôr do sol. Show para os turistas. Não visitamos desta vez.

Por ali também tem a famosa coroa (banco de areia formado na baixa mar) Areia Vermelha, muito procurada por turistas em busca de aventura e lazer.

Perdemos a balsa das 9 para Lucena, por alguns minutinhos… Pegamos a das 10 horas. Para passar o tempo, tomamos água de coco.

Pneu furado do Haroldo foi consertado. Foi? No final da travessia percebeu-se o pneu furado novamente. Acredito que a câmara reserva estava furada, sei lá…rs







Alguns quilômetros à frente, passamos por Lucena, parando apenas para hidratação, e entramos na areia da praia.

O objetivo era chegar até a praia da Campina, e depois na barra do Mamanguape.

Porém, tinha uma barreira à nossa frente: rio Miriri, entre as praias do Miriri e Bom Sucesso.

Os buggys de passeios vão apenas até a foz, pois não conseguem atravessar a barra.

Em 2019, quando passei por ali, conduzindo um casal de amigos, consegui fazer a travessia de forma quase que tranquila, mas desta vez não foi fácil.

A maré estava praticamente zero, mas mesmo assim o rio corria forte, fazendo diversos canais, com certa profundidade, e areia fofa.

Como líder da expedição fui à prova. Atravessei, sem qualquer bagagem, pelo ponto que achava menos difícil. Constatado que era viável, os amigos começaram a se preparar para a travessia.

Pouco a pouco, cada um com suas bagagens primeiro, depois com as bicicletas, todos se ajudando, conseguimos finalizar a travessia.

Lembro de ver a Sil agarrada no braço do Wilson, durante a travessia, com muito medo da água.





Com a maré virando, o melhor foi se ajeitar do outro lado, e correr até Campina.

Lá almoçamos num pequeno restaurante, da Rose, de comida caseira fantástica, a preço módico.







Depois foi só seguir mais um pouco, agora por estrada de chão, até a barra do Mamanguape, onde um barco fez a travessia para nós até o delta do rio Sinibu.
















Por estradas de chão chegamos à vila de Camurupim, e depois no asfalto até a Baía da Traição.

Conseguimos uma boa pousada, com preço justo.

Nós, os marmanjos, ficamos um pouco na piscina, e o dono, senhor Aloísio, aproveitou para contar um pouco da história do lugar.

Diz que o nome da cidade, segundo alguns historiadores, deve-se ao fato da traição dos índios locais, potiguares, com portugueses colonizadores. Os portugueses eram mal vistos, ao contrário dos holandeses.

Os potiguares usaram certa vez, algumas índias como iscas, pegaram os portugueses e trucidaram, queimando-os. Porém não há registro de canibalismo…

O lugar é bem pequeno, com pouca opção de jantar. Comemos um sanduíche na praça, muito bom por sinal, e fomos descansar.









 Baía da Traição à praia da Pipa

 

A primeira etapa desta cicloviagem estava chegando ao fim.

Como sabem, planejei em três etapas essa vinda ao Nordeste, assim como fiz em 2019, porque facilita para os amigos que não têm tempo para esticar.

A primeira, de Aracajú até Natal; a segunda de Natal a Fortaleza, e a última de Fortaleza a São Luís, que costumo chamar de CEPIMA, a Rota das Emoções.

No sábado chegamos à praia de Pipa, faltando apenas o último trecho até Natal.

Saímos da Baía da Traição por volta das 8 horas. O amigo Marco dirigiu-se até o posto de gasolina, local que é ponto de ônibus. Retornou para João Pessoa, chegando bem e feliz na sua casa. Foi uma boa companhia nesse último trecho.

Tivemos que pegar a estrada de terra e areia, que segue paralela à praia, visto que a maré estava alta ainda. Até ali foram 17 km, com um pouco de dificuldade em alguns trechos de areia fofa.

A corrente da bicicleta do Elidio quebrou novamente; era a terceira vez na expedição. Lá se foi mais um “power link”…

O pequeno atraso para o reparo não comprometeu o restante do passeio, porque a ideia era pegar a areia da praia a partir da barra de Camaratuba.

Toda essa região é de reserva Potiguar, e os índios também coordenam a travessia de balsa. Antes de chegarmos lá, passamos por um pequeno riacho de água fresca, cristalina, onde alguns de nós entramos para nos refrescar.




























Nesse ponto também, passou uma turma de ciclistas, todos uniformizados, fazendo trilha em alta velocidade pela região. Depois da travessia, num bar, já na praia da Barra, encontramos o grupo, e alguns vieram conversar conosco. Eles eram de João Pessoa, e estavam com carro de apoio; iam à Pipa também. Só por trilhas. Era uma outra tribo…


O próximo trecho, de uns 17 km também, foi pela areia da praia. Apesar da beleza do local, da maré baixa, quase zero, vento a favor, foi difícil fazer.

A areia estava aparentemente dura, mas na prática não. O sol castigava muito àquela altura, e alguns começaram a se “arrastar”, o que era normal e previsível.

Na praia do Guaju, divisa dos estados da Paraíba e Rio Grande do Norte, para atravessar o rio, pegamos uma pequena balsa, que transporta um carro por vez.

Falar em carro, aqueles trechos pareciam pista de corridas, com numerosos buggys, 4x4, gaiolas e outros tipos. Muitos atravessam o rio apenas para frequentar os bares de praia que tem do outro lado; outros são organizados, como num RAID.

O Wilson chegou tão atordoado àquele ponto, que não quis pegar a balsa, preferindo atravessar pelo rio, com a bicicleta pesada, em cima da cabeça. Tenho certeza que ele viu dois sujeitos atravessarem a pé para o lado dele, o que estimulou seu ato.

Eu, a Carmo e a Sil gritávamos para ele ir à balsa, mas ele acho que nem piscava, estava em transe, kkk.

No meio da travessia, apesar de ser raso, tinha muita areia fofa, e ele ficou com água até a cintura, e com dificuldade de locomoção.

Bem, ele conseguiu finalizar com a ajuda de um cidadão, que se banhava do outro lado do rio; felizmente não era muito largo, como no outro dia.

Resultado: carteira de documentos molhados e celular apagado (deu pt). Tudo que tinha naqueles bolsinhos atrás da camisa de ciclista.

Depois de uma breve hidratação nos bares, voltamos à areia para mais um trecho; esse um pouco mais longo, até a Baía Formosa.










Passamos pela praia do Sagi. Mais hidratação. Naquele ponto a areia estava mais firme, e rendeu melhor. Passamos pelo farol e chegamos, um a um.




Na Baía Formosa almoçamos. Estavam todos cansados, mas precisávamos atingir nosso objetivo: praia de Pipa.

A maré não permitia mais seguir pela areia, então saímos da cidade pela estrada, até um ponto pra dentro, pegando um atalho pela Fazenda Estrela. Dali, por uma espécie de trilha, plana, bela, chegamos na barra do Cunhaú.










De balsa, atravessamos o rio e seguimos por uma estradinha até o rio Catu, onde pegamos outro barquinho para a praia de Sibauma, e dali o caminho por cima das falésias até Pipa.

Apesar de cedo, já estava escuro, e com nossos faróis nos guiando, conseguimos chegar ao destino, preocupados em não cair daqueles penhascos…

Merecido descanso de um dia em Pipa, para então finalizar essa primeira perna da aventura.











Pipa a Natal

 

Depois de um bom dia de descanso em Pipa, apenas passeando a pé pelas principais praias de lá, e com banho de mar junto dos golfinhos, pegamos estrada para o dia derradeiro àqueles que fariam apenas o primeiro trecho.













Segunda-feira, dia 4 de setembro de 2023.

Saímos pela avenida principal até atingirmos a RN 033, que em poucos quilômetros, e paisagem espetacular, leva até Tibau do Sul, onde pegamos uma balsa que atravessa uma lagoa.

Na verdade, essa lagoa se transformou num braço de mar, pois abriu e fez desaparecer parte da antiga Tibau, que ruiu em suas águas.

Do outro lado, o caminho é percorrido apenas a pé, de 4x4, buggys ou bicicletas, pois ou tem de ir pela areia da praia, ou por uma trilha até a Praia. A balsa faz o trajeto conforme a maré.















Pegamos a trilha desta vez. Passamos por parte das lindas Dunas de Malembá, não sem antes ter de pagar um pedágio de R$ 2,00 por pessoa, a umas “figuras”, que fizeram uma cerca, disseram que era propriedade particular, e, sem delongas, tinha de pagar.

Pagamos, contrariados, e seguimos em frente, empurrando as bicicletas pelas dunas fixas e móveis. A paisagem linda até compensou os dois pilas.

Na praia rodamos por mais uns 3 km, até pegar as ruas e estradas das praias de Barreto, Cururu, Camurupim, tudo na região de Tabatinga, onde paramos para almoçar.

Quando acabávamos de almoçar, apareceram dois ciclistas, nada menos que os dois próximos parceiros de jornada da segunda etapa, Natal a Fortaleza, o René e o Joaquim.

Estavam dando um rolê por lá. Já tinham almoçado. Foram apresentados ao resto do grupo, ficaram um pouco e saíram na nossa frente, pois o René ainda tinha um compromisso profissional virtual a fazer, antes da aventura.

Logo depois partimos, vislumbrando aquelas praias maravilhosas, como Barra de Tabatinga, dos golfinhos (tem um mirante), de Búzios, Pirambuzios, Pirangi do Sul, Pirangi (onde tem o maior cajueiro do mundo, que o Adir e o Wilson visitaram - os demais já conheciam), Pirangi do Norte e do Cotovelo.

Perto cerca de 8 km do nosso destino, demos uma parada no museu da aeronáutica, que fica em frente à Barreira do Inferno, local de lançamento de foguetes.

Dali por ciclovias, chegamos a Natal, mais precisamente em Ponta Negra, bairro praiano que tem como atrativo o famoso Morro Careca, bares, restaurantes e pousadas.





























Felizes por curtir tantos lugares maravilhosos, de uma forma diferente.

O que cada um sentiu, viu, entendeu, curtiu… deixo para que cada um faça sua reflexão e relato dessa experiência.

Na quarta-feira, eu, a Carmo, a Sil, o Adir, o Wilson, o Elidio, e mais os dois que chegaram, René e Joaquim, iríamos iniciar a segunda etapa, de Natal a Fortaleza.

Os amigos/parceiros Haroldo e Luiz Fernando voltaram no dia seguinte para Curitiba, terra de residência de todos do grupo.

E essa será uma outra história, que passo a contar a seguir.


SEGUNDA ETAPA - NATAL A FORTALEZA

 

Natal a Maracajaú

 

E começava a segunda etapa do nosso cicloturismo no Nordeste 2023.

Antes, porém, no dia de folga anterior à partida, alguns de nós fomos dar umas pedaladas pela cidade, procurando também novamente por uma bicicletaria, fazer alguns reparos.




















Neste primeiro dia, foram pouco mais de 60 km até Maracajaú, uma praia do município de Maxaranguape.

Lugar de belezas naturais, como as dunas e as piscinas que se formam nos parrachos, na maré baixa.

Foi um percurso que variou de estradas para areia de praia, com um visual de tirar o fôlego.

Primeiro percorremos toda a avenida costeira, que vai de Ponta Negra até a linda ponte que atravessa o rio Potengi, e leva a outros municípios e praias da região metropolitana.

Antes de atravessar, fizemos uma rápida visita, mesmo que de longe, no suntuoso Forte dos Reis Magos, construído em 1598 por ordem do rei de Espanha.

Atravessamos com muito cuidado. A ponte tem mais de 50 metros de altura, e a ciclofaixa é ao lado da pista, e não no corredor de pedestres.

Logo no início, subindo, um ônibus pequeno de turismo estava parado, com alguma pane, causando um pequeno congestionamento, e dificultando nossa passagem. Confesso que fiquei tenso. Ainda mais com aquela altura toda.








Bem, depois de atravessar a ponte, passamos pela praia da Redinha, e por estrada, até a praia de Santa Rita e a badalada Genipabu. Lá tem as famosas dunas, muito procurada pelos buggys , que levam turistas em passeios com ou sem emoção.

Fizemos uma hidratação por ali, e com a maré baixando, fomos para a areia da praia até a Praia da Barra do Rio, onde uma pequena jangada fez nossa travessia.

Resolvi levar o grupo por estradinhas paralelas ao mar, porque naquela região a areia é mais pesada para pedalar. Fomos assim até a praia de Pitangui. Era cedo para almoçar, então um pouco mais adiante descemos para a areia da praia novamente.























Em Jacumã voltamos para a pista, almoçando logo após, em Muriu, e voltamos para a praia novamente. Pedalamos até Maxaranguape, atravessando o rio do mesmo nome, de jangada.

No local, pescadores desembarcavam diversos atuns, peixe muito saboroso, e que dão um bom sashimi.













Seguimos por estrada de chão até Maracajaú, cercados pela praia de um lado e dunas do outro.

Apenas descansamos na agradável pousada, onde também jantamos. A previsão era apenas para pernoite no local mesmo.







Maracajaú a São Miguel do Gostoso

 

Com a experiência que tive em 2019, quando conduzi outro grupo de amigos, que incluía a Sil, que está novamente nesta jornada, resolvi dividir o trecho que vai de Maracajau até Guamaré, em dois dias.

Assim, na quinta-feira, feriado de sete de setembro, fizemos de Maracajau a São Miguel do Gostoso (da outra vez apenas passamos para almoçar).

Começamos o pedal por estrada de terra e areia vermelha, e em poucos quilômetros atravessamos as dunas, praticamente empurrando as bicicletas. Mas a paisagem claro que compensava o esforço no calor, que cedo já se fazia presente.

Mais um pouco e chegamos à praia de Putitinga. Tiramos algumas fotos e voltamos à estradinha de terra.

Vale lembrar, que a maré ainda não tinha começado a vazar, por isso fomos por ali, e não pela areia da praia.

Passamos pela região do rio Punau, que na sua foz apresenta uma outra bela praia, até chegar à vila de Zumbi.

Fomos até a Praia para conhecer melhor e fazer uma hidratação, e tivemos que esperar uma boa chuva passar, para continuarmos com a aventura.

Como era cedo para almoçar, tocamos um pouco mais, passando pela localidade de Rio do Fogo, para parar apenas em Perobas.

Vale lembrar, que esse trecho de praias, que abrange Pititinga, Zumbi e Rio de Fogo, pertence ao que eles chamam turisticamente, de “Rota do Paraíso”.

É possível mesmo que o paraíso seja lá… Naquela região já aparecem as torres gigantes das usinas eólicas.



























Almoçamos e continuamos pela estradinha. Vi que as condições da areia da praia não eram favoráveis para nós. Vento a pleno vapor, a favor, e chegamos logo à cidade de Touros. Só passamos por lá. Pegamos a RN 023 até a BR 101, indo até o Marco Zero da rodovia. Ali iniciam os 4765 km até São José do Norte, no Rio Grande do Sul.








Com um baita vento a favor, não foi difícil, nem demorado, chegar à agora agitada, São Miguel do Gostoso. Conseguimos uma boa pousada para pernoitar. Uma boa relaxada na piscina, e depois uma voltinha pelo centrinho da vila.

Foi mais um dia mamão com açúcar, rs. Pouco mais de 60 km, e poucos perrengues.













 São Miguel do Gostoso a Guamaré

 

Avisei os amigos que na sexta-feira teríamos perrengues.

Cumpri a promessa; e não foram poucos, ehe.

Partimos de São Miguel do Gostoso sem muita pressa, pela rua principal. Sabia que a maré crescia, impedindo de seguir pela areia da praia, como fiz em 2019.

Feita a chamada, lá estavam eles: sol e vento.

Sol significa muito calor; vento, a favor, significa pedalar mais facilmente.

A rua virou aquela estrada de terra vermelha, ora com areia fofa, ora com aquelas “costelas de vaca”. Passamos por Reducto e depois Tourinhos, onde as pedras na praia formam figuras interessantes, inclusive algumas parecendo um castelo.









Depois de 16 km chegamos a Morro dos Martins, quando a estrada deixa a linha do mar e vai para o interior.

Até ali a paisagem era bem bonita, com as altas torres de energia eólica contrastando com dunas e o vermelho da estrada, o céu azul e o mar esverdeado.

Teríamos então, mais 44 km até São Bento do Norte, sempre com o piso irregular e castigador da estrada de areia.

Paramos duas vezes para hidratar, em pequenas vilas, como Barreiras e Pedra Grande. Essa última fica junto à estrada principal, asfaltada, a RN 120. Ali aproveitamos para fazer uma gambiarra no bagageiro da bicicleta da Carmo, porque quebrou na base que vai junto ao quadro. Claro que foi a trepidação da estrada que causou isso.

O Adir ajudou, e teve a ideia de colocar uma braçadeira. Por sorte tinha uma loja de materiais de construção ao lado. Comprei a peça e ele ajeitou. Acreditamos que aguentaria mais algum trecho.

Agora no asfalto, com o vento a favor, conseguimos desenvolver melhor e chegar à praia novamente. Almoçamos em Caiçara do Norte.

Pois é, percebemos que São Bento e Caiçara são cidades geminadas. Nem dá para saber quando termina uma e começa outra. Impressionante, porque as duas são muito pequenas. Devem ser questões políticas. Mas nesse assunto não nos metemos, claro.

Bem, chegou a hora do perrengue maior: 25 km pela areia da praia até Galinhos.

A paisagem era bela, com o mar de um lado, e dunas do outro, mas a maré ainda estava secando, e as ondas teimavam em correr atrás de nós, preenchendo o pouco espaço de areia dura que sobrava para pedalarmos. Tínhamos que driblar o tempo todo, kkk.

Aos poucos o espaço para pedalar foi ficando melhor, mas daí veio o cansaço do esforço até ali, e, ainda por cima, os últimos 5 km eram feitos de pedras, às vezes lisas, às vezes pontiagudas e bem irregulares. Foi preciso muita habilidade para transpor.

É preciso lembrar que esse trecho todo não tem qualquer construção, por isso carregamos bastante líquido para aguentar o calor, que desidrata a gente rapidamente.

Todos passaram com louvor no teste de resistência.

Já em Galinhos, exaustos com a jornada, paramos para hidratação antes de decidir a sequência da trip, pois podíamos pernoitar por ali, ou atravessar o canal até Guamaré. Aliás, como estava previsto no meu programa.

Decidimos por atravessar. Fechamos com um dos barcos locais.

Lá é tudo bem organizado, tendo um controle de atendimento por vez de cada barco, e os preços são tabelados, ficando exposto na entrada do trapiche. Isso evita cobranças indevidas e todos ali ganham com isso. Nós, os turistas (ciclo), agradecemos.

Já era final de tarde, e fizemos a travessia com o lindo pôr do sol à nossa frente.



Em Guamaré, cidade pequena, mas rica em função dos royaltys do petróleo, pegamos uma boa Pousada, e fomos fazer aquele descanso merecido.

 

Guamaré a Ponta do Mel

 

Sábado, dia 9, também foi dia de pedal.

Fiz o programa prevendo ir de Guamaré até Macau. Seriam 44 km apenas. Justamente para descansarmos do dia anterior, puxado.

Mas a turma estava forte, e logo no começo deu pra ver que o pedal ia render. Então mudei o roteiro, passando a prever o término em Ponta do Mel, da mesma forma que havia feito em 2019.

Foram 91 km, praticamente todo feito por asfalto e com vento a favor.









Em Macau nem fomos até o centro, pegando a ponte que liga à ilha de Santana.

Na pequena vila da ilha, paramos para hidratar e reforçar o bagageiro da bicicleta da Carmo, que havia quebrado de vez num dos lados, junto ao quadro. O Adir deu um jeito e as coisas ficaram melhores (até tampinha de garrafa pet usamos).

Pegamos uma estradinha por ali, e fomos por meio das salinas, até um ponto do rio Piranhas, onde um pequeno barco fez nossa travessia.

Do outro lado, antes de pegar a estrada, cortamos caminho pelo meio das salinas. Foi bem legal. Parecia o Salar de Uyuni, rs.
















Paramos para hidratar depois de uns 20 km. Na saída percebemos o pneu da bicicleta da Sil furado. Conseguimos uma sombra e arrumamos.

Até ali tínhamos feito mais de 50 km, e felizmente tinha um restaurante no meio do nada. Por R$ 15,00 comemos um bom PF. Descobrimos depois, quando saíamos, que se tratava de um bordel, kkkkk.

Novamente na estrada, agora no asfalto, pegamos a direção da praia. No cruzamento para entrar na praia de Porto do Mangue, tivemos que trocar a câmara furada do pneu traseiro da bicicleta do Wilson. Sorte que tinha um ponto de ônibus, fazendo um pouquinho de sombra.


Na sequência, a estrada que era de asfalto foi interrompida pelas dunas móveis, bloqueando-a. Foram alguns quilômetros de desvio por estrada de terra e areia. Em compensação, a paisagem ficou maravilhosa, pois pedalávamos entre as dunas.

Chegamos à beira do mar novamente, e resolvi fazer o trecho final, de uns 8 km, pela areia da praia, já que a maré estava bem baixa.

Em Ponta do Mel procurei pela mesma pousada que estive em 2019, mas estava lotada. Com a ajuda da proprietária, consegui hospedagem na pousada Ponta do Mel.

Para chegar nela tivemos que subir o morro, já que ficava na saída da vila, e não como a outra, que era na faixa de areia.

Instalados, banhados e arrumados, fomos comer no restaurante Sabores Casa de Taipa. Muito bom.

Belo descanso depois, porque o dia seguinte teríamos que pegar a estrada novamente.

 

Ponta do Mel a Tibau

 

Agora era hora de chegar a um outro estado da federação: Ceará.

Na verdade, no domingo, dia 10, chegamos a Tibau, ainda no RN, mas alguns metros adiante já fica a divisa com o CE.

Estávamos todos prontos para sair do hotel de Ponta do Mel, quando o René percebeu seu pneu furado. Largamos tudo e esperamos o conserto. Tinha problema na válvula, que o Adir ajudou a resolver, com uma ferramenta própria que eu trouxe para essa expedição.


Partimos para estrada, começando com uma subida chatinha. Depois, muito vento a favor, e como era asfalto, foi rendendo bem.

Por volta das 11 horas chegamos na balsa de Areia Branca, que faz a travessia para Grossos. Infelizmente a balsa só sairia às 11:30. Fazer o quê?


A travessia não foi muito demorada, e do outro lado pegamos a estradinha que leva à praia da Barra. Lá paramos para almoçar no restaurante Maria Lucia’s, um lugar acolhedor e de boa comida.











Seguimos tranquilamente até Tibau, num total de 60 km.  Chegando no centro da pequena cidade litorânea, onde se praticam esportes à vela, a Sil percebeu o pneu traseiro da sua bicicleta furado.


Ela resolveu empurrar até a Pousada escolhida pelo grupo, a Aurélio, que não ficava longe. Tinha um espinho. Pedi para ela empurrar a minha, e eu levei a dela, para não arrastar o pneu e causar algum dano. Quando comecei a empurrar, percebi que o da frente também estava furado, e também por um espinho.

Só ela passou em algum lugar com espinhos… Dia tranquilo, e o resto do tempo foi utilizado para descanso.


Tibau a Canoa Quebrada (CE)

 

Quando fiz esse percurso em 2019, saí de lá pela estrada, mas quando olhei de manhã cedo para aquele mar, aquela praia, com a maré totalmente seca, não tive dúvidas, sai com o grupo por ali.

Areia firme, larga, bela, vento a favor, e lá fomos nós.

O dono do hotel disse que poderíamos ir até um braço do mar, onde mais pra dentro tem as salinas de Icapuí; melhor seria entrar para a pista através da Praia da Placa, a uns 12km de Tibau.

Apontou para mim no mapa.

Chegamos “voando” nesse ponto, mas parei junto a um pescador, e perguntei se conseguiríamos atravessar o canal. A resposta foi positiva, em função da maré pequena, de lua minguante. Então tá, arriscamos.










E valeu à pena, pois além de apreciar a beleza da praia, abreviamos na quilometragem e na dificuldade da pista.

Feita a travessia, com um pouco de dificuldade, do outro lado saímos da praia e pegamos uma rua paralela ao mar, na localidade de Caiçara.

Como havíamos entrado com bicicleta e tudo dentro do mar, na travessia, foi preciso parar num lugar para jogar uma água doce nelas. Felizmente tinha um lugar bacana para isso, onde aproveitamos para fazer hidratação.

Acredito que já tínhamos passado dos 20 km até esse ponto. Seguimos pela rua até o final dela, em Barreiras. Lá, mais uma vez a dúvida: areia ou estrada?



Maré bem baixa ainda. Decidi pela praia. Foi uma boa decisão, porque evitamos subir, e porque as praias na sequência eram lindas, com falésias enormes, que eu tinha conhecido da vez passada, no pôr do sol.




Cruzamos por Peroba, e na bela Redonda terminamos nossa jornada de areia do dia. Subimos, e não foi pouco, até a estrada.

No alto viramos à direita, numa estradinha bacana, de asfalto novo, que seguia por cima das falésias, com um visual incrível da praia lá embaixo. Estava muito legal para ser verdade.

Não era a mesma estrada que eu conhecia, e na frente, ela convergia à direita, e descia até outra praia, de Ponta Grossa. Para seguir em frente, paralelo ao mar, tinha uma estrada de chão e areia.



Seguimos. Consultamos o gps (coisa que eu não costumava fazer…), e ele mandava voltar para Redonda e pegar aquela outra estrada. Não obedeci. Seguimos em frente.

Numa pequena subida, pela quarta vez, rompeu a corrente da bicicleta do Elidio.

Eu estava à frente e não vi. Mas como sempre controlo, parei porque percebi uma certa demora da parte de trás do grupo. Logo chegaram as meninas e o Joaquim, que avisaram do ocorrido.

Falei para ele seguir com elas até Retiro Grande, onde poderiam ver um lugar para almoçarmos.

Fiquei com o Wilson sob a sombra de uma árvore, esperando o Adir, o René e o Elidio chegarem.

Depois do reparo (desta vez o René cedeu seu power link), fomos todos ao encontro dos demais.

Em Retiro Grande, ainda no alto da falésia, eles estavam num restaurante, o Brisa do Mar, que por ser uma segunda-feira, estava fechado, mas abriram uma exceção, e já estavam preparando uma refeição para nós.

Lá tem um mirante de toda a praia. Um espetáculo de vista.

A praia em direção a Ponta Grossa, forma canais e dunas, e com a maré baixa, fica mais bela ainda.

Ficamos um bom tempo esperando, porque começaram o preparo do zero. Foi bom para descansar.




Na hora de ir embora, descobrimos pelos proprietários do restaurante, que o gps tinha razão, e teríamos de voltar àquela estrada de asfalto até Redonda.

Seria um retrocesso de mais de 20 km. Sabíamos de uma estrada de chão que levava até a BR 304, mas estava em propriedade particular, com portões e zeladores.

Conseguimos, com esforço, uma autorização especial, e com apenas 11 km chegamos na BR. Dali seguimos até Córrego do Retiro, pegando uma estradinha até Canoa Quebrada, passando por Quixaba, e não por Aracati, como poderia ser.







Acabou sendo uma bela jornada de 81 km.

Deixamos a terça-feira livre, e acabamos todos juntos caminhando pela praia, tomando banho de mar, e nós mesmos preparando nosso almoço na cozinha do hotel.

Saiu um delicioso risoto de camarão, nas mãos do Adir, com minha ajuda.

Estávamos próximos a Fortaleza, um dia adiantados do programa.

No domingo começaria o CEPIMA, a Rota das Emoções, com novos integrantes: Cida, Lia, Osvaldo e Cézar.










Canoa Quebrada a Morro Branco

 

Na quarta-feira, dia 13, fizemos um trecho que eu diria que foi só de deslocamento. Foram 83 km até Morro Branco, no município de Beberibe. Isto porque não havia qualquer atrativo no percurso; só estrada de asfalto.

Talvez pudesse salientar a água de côco gelada, a R$ 1,50… Almoçamos na região de Sucatinga, num restaurante simples de estrada. Foi bem cansativo.

Na saída de Canoa Quebrada, antes de Aracati, um prego atravessou o pneu da bicicleta do René. Fizemos a troca da câmara.

O dia poderia ser mais legal, pois pretendia levar o grupo pela areia da praia, até a barra do rio Jaguaribe, e do outro lado passar por Fortim.

Abreviaria na quilometragem, não no tempo, mas ganharíamos em apreciar as belezas da natureza da região. A maré estava baixa, e daria pra chegar até lá. Soube que haveria algum barco para transpor o canal, pois os buggys fazem esse trajeto.

Em contato com a balsa, soubemos que diante do falecimento de algum membro da comunidade local, pelo luto, eles não fariam esse serviço, nessa data. Até fizemos outros contatos, mas o jeito foi pegar a estrada.

Bem, o dia não foi perdido, pois chegamos cedo a Morro Branco. Conseguimos uma excelente pousada, com preços de baixa estação, e o melhor, vislumbrar um pôr do sol espetacular, junto às dunas do Farol, perto das famosas e belas formações rochosas coloridas, que fazem parte do Monumento Natural das Falésias de Beberibe.






































Terminamos o dia comendo, sob minha sugestão, um Peixe à Delícia, que agrega um bom peixe, molho branco e banana. Felizmente todos adoraram e rasparam os pratos…

Era hora de enrolar um pouco, pois a previsão era de chegar em Fortaleza na sexta-feira. Estávamos muito perto, e veríamos o que fazer na quinta-feira.

 

Morro Branco a Aquiraz

 

Enfim perto de Fortaleza. Tínhamos reserva lá, então evitamos chegar na quinta-feira direto na cidade. Preferimos ir até Aquiraz, cidade sede do Beach Park. Ficamos hospedados num bom hotel, com preços bem acessíveis.

Para chegar até lá, desde Morro Branco, não teve outro jeito a não ser pegar estrada mesmo. Foram 66 km aproximadamente, com sol e calor insuportável.

Antes de sair da pousada, curtimos com o papagaio Teo.




Nos primeiros 20 km não tinha nenhum ponto de parada, mas depois, eles foram aparecendo e pudemos fazer uma reposição de líquidos satisfatória.

Alguns almoçaram, outros fizeram apenas algum lanche. Em Aquiraz pegamos o sentido da praia, através de um atalho de areia.

Já na região da Prainha, em estrada de terra e areia, fomos surpreendidos e interrompidos por uma baita construção de condomínios de alto luxo. Eu e as meninas desviamos pela praia; os demais arriscaram seguir por dentro da construção. Foram passando, passando…

Agrupamos do outro lado, e mais um pouco passamos defronte ao famoso parque, para depois irmos ao hotel, talvez uns 500 metros dali.

Era meio da tarde, e alguns se refestelaram na piscina, outros foram à praia. Num bom espaço, lavamos algumas das bicicletas.

Na sexta-feira chegaríamos na capital cearense, e no domingo, com os novos membros, iniciaríamos o CEPIMA.











Aquiraz a Fortaleza

 

Fim da segunda etapa, Natal a Fortaleza.

Dias incríveis, na companhia da Carmo, da Sil, dos marmanjos Elidio, Adir, Wilson, René e Joaquim.

O último trecho foi curtinho, com aproximadamente 25 km. Só estrada.

Preferi o caminho que chega pela praia do Futuro, passando por Sabiaguaba. Não demorou muito e chegávamos na capital cearense.


















Resolvemos dar uma parada numa barraca de praia, bebemos e comemos. Fizemos tempo na verdade, porque o check in era só às quatorze horas.

Fizemos a orla toda, desde Mucuripe, passando pelo Meirelles e chegando em Iracema. A prefeitura fez um belo trabalho de paisagismo na região. O calçadão está maravilhoso.

Alguns de nós apenas deixou as coisas na pousada, para seguir até uma bicicletaria, dar uma ajeitada nas magrelas.

No meu caso, coloquei mais dois raios da roda de trás, que quebraram nos últimos três dias. Sorte que carreguei raios comigo, como já disse, porque novamente não tinham para 27,5.

O Elidio finalmente trocou sua corrente. A outra era feita de power links, rs.

Com a chegada de alguns dos novos integrantes, fomos confraternizar de noite no calçadão.

Deixamos o sábado para passear de bicicleta por Fortaleza. Contamos com todos, os da segunda etapa e os da terceira. Foi bem bacana.























Para essa nova, e última, etapa, contamos com a presença da Cida, da Lia (Cascavel), do Osvaldo e do Cézar.

Contamos também com a amiga cearense da Cida, a Luiza, muito divertida, deu uma ajudada no trajeto, local para algumas compras, e também para o almoço.

Na noite do sábado tivemos a companhia da amiga Renata, parceira de pedal de Curitiba, que estava visitando os parentes na cidade.

Nem começamos essa fase, e os perrengues já apareceram. Foram três pneus furados do César. Acredito que as câmaras estavam todas furadas, porque não tinha nada no pneu.


TERCEIRA ETAPA - FORTALEZA A SÃO LUÍS

 

Fortaleza a Paracuru

 

CEPIMA (Ceará, Piauí e Maranhão), a Rota das Emoções.

Essa rota é uma denominação do poder público dos três estados, setor de turismo. Atribuíram que cada um elencasse um atrativo turístico.

Ceará entrou com Jericoacoara; Piauí com o Delta do Parnaíba, e o Maranhão com os Lençóis.

Domingo, dia 17 de setembro.

Deixamos Fortaleza para trás, e por estradas asfaltadas, seguimos em direção à famosa praia de Cumbuco, cerca de 30 km de distância. Fizemos a hidratação necessária, e partimos para a areia da praia.


























Passamos pela Lagoa do Cauipe, e um pouco depois subimos até a estrada de asfalto que segue paralela à praia, até próximo ao porto de Pecém. Ali voltamos para a areia, passamos por debaixo do trapiche do Porto, e seguimos em direção à praia de Taiba.















Já tínhamos feito mais de 40 km, e paramos num barzinho tomar um refrigerante com fritas. Os principiantes sofreram um pouco para se adaptar às condições da areia. Ora era firme, ora pesava para pedalar.

Outra lagoa à frente, também ótima para kite surf. Aliás, a região toda é propícia ao esporte, em função dos ventos fortes e constantes. Dali chegamos ao point principal do kite, já próximo a Paracuru, nosso destino do dia.


Tem um único restaurante na orla, quase que específico para esse esporte. Os preços são bem altos. Preferimos ir até a cidade, até a Pousada, e depois comer alguma coisa, já que não almoçamos nesse dia.


Para chegar até a cidade, é preciso passar pelas lindas dunas, que encobrem praticamente toda a estradinha de asfalto.

Rendeu 79 km. Felizmente nenhum problema com as bicicletas.

A dona da pousada Veleiro In, onde ficamos, indicou o restaurante Hot Grill, bem legal. O dono nos atendeu super bem, e todos saíram satisfeitos.

Merecido descanso, não sem antes passar na sorveteria comer alguma coisa doce.



















Paracuru à Praia da Baleia

 

Na segunda-feira, deixamos Paracuru com destino à praia da Baleia. A barra do rio Curu impede que façamos o percurso pela areia da praia. Assim, o jeito é pegar estrada, que dobra a quilometragem até a bela Lagoinha.

Passamos por vilarejos como Torrões e Poço Doce, até chegarmos em Paraipaba, uma cidade um pouco maior, onde alguns dos nossos foram comprar bebidas. Tomamos água de coco, comemos frutas.



Alguns quilômetros adiante e já estávamos na bela praia de Lagoinha. Asfalto, vento a favor. Tudo certo, apenas o calor pegava…

Fomos até o mirante, na parte de cima da cidade, para vislumbrar a bela praia. Descemos até ela, e começamos o pedal por suas areias firmes, com a maré baixando, passando pelas praias do Trairi, como Guajiru, Flexeiras e Embuaca, onde fizemos um lanche.

Agora pelo asfalto, chegamos a Mundaú, para atravessar de barco o rio do mesmo nome. Do outro lado, de novo pela areia, alguns quilômetros depois, e 74 no dia, paramos para pernoite na praia da Baleia.

Foi um dia prazeroso, mas cansativo para a maioria, principalmente os iniciantes.







































Praia da Baleia a Acaraú

 

A praia da Baleia também é bonita, mas precisávamos seguir em frente. Mais um dia de sol e calor nesse Ceará maravilhoso.

Falei para o pessoal, ainda na pousada Altas Horas, para aguentar um pouco para sairmos, porque a maré dessa terça-feira ainda não era baixa o suficiente para pedalarmos. Acredito que passava das 9 horas quando partimos. A jornada seria longa e difícil, com quase 100 km de pedal.

Primeiro desafio foi atravessar as pedras da praia do Inferno, onde um pequeno cemitério quase na areia, já diz tudo. Por cima das pedras, areia fofa; por baixo, o mar ainda descendo, mas não o suficiente para transpor.

Empurrabike era o destino…











Pelo menos para a maioria. A Lia e o Cézar resolveram num trecho, passar pela parte debaixo, junto às pedras e onde as águas do mar ainda batiam.

Resultado: caíram dentro do mar, com bicicleta e tudo. Sem registros, porque quem estava por perto foi correndo socorrer. Uhu!

Nada demais, porém lá se foi mais um celular nesta trip… (água doce até eles resistem, mas do mar…)

E as bicicletas? Bem, elas já sofrem com o mar quase que o tempo todo, então um banhinho desses não muda muita coisa, rs.

Suando aos cântaros vencemos essa barreira. Passamos pela praia de Icaraizinho de Amontada, local que em expedições anteriores ficava hospedado. Era bem mais pacata, mas hoje, principalmente nesta época, as belas pipas coloridas do kite surf movimentam e encantam o local.

Paramos para hidratar. Seguimos pela praia até Moitas.

Uma parte do grupo seguia à frente, e chegou ao rio Aracatiaçú, intransponível naquele ponto.

Eu estava mais atrás e tive de parar, com mais alguns do grupo que estavam ao meu lado, para que eles nos vissem e voltassem, pois iria entrar para a vila por ali. Coitados. Pedalar contra o vento, mesmo por um quilômetro, é muito, mas muito penoso.

Todos juntos fomos até o restaurante Alpendre. Aliás, comida deliciosa e barata, num cantinho especial de Moitas.





Depois nos dirigimos até um lado do rio Aracatiaçú, junto às dunas, onde eu já sabia que havia uma balsa para ajudar na travessia. Do outro lado, o perrengue ficou por conta da estrada de chão e areia fofa. Alguns quilômetros….

Chegamos à vila de Patos, depois à sua praia. Na rota novamente…








Novo perrengue: tinha um braço do rio ainda cheio.

Missão: transpor, claro. Trechos com água pela cintura.

Dali mais uns 3 km e chegamos à beira de outro rio, o Aracati-mirim, onde um pequeno barco a remo nos atravessou. Já era final de tarde, e como anoitece cedo, pedi para pegarem seus faróis e piscas traseiros.









Fizemos a hidratação necessária, e partimos para o último trecho do dia, todo por asfalto. Pouco tempo e cruzávamos por Almofala. Essa vila foi encoberta pelas dunas no final do século dezenove, e após mais de 40 anos, a igrejinha de Nossa Senhora da Conceição "ressuscitou", e a vila voltou a ter vida.

Era terra dos índios tremembés, que foram expulsos junto com os padres jesuítas ainda no século dezoito.




Depois Itarema, uma cidade que me surpreendeu, pois está maior e melhor organizada. Duplicaram a pista até Acaraú, nosso local de pernoite, que fica a pouco mais de 20 km de distância. Fomos rápido nesse trecho, mesmo na escuridão da noite.

Por volta das 19 horas chegamos à pousada Castelo Encantado.

Cansativo, mas prazeroso, como tem sido esses dias.

 

Acaraú a Jericoacoara

 

A cereja do bolo da Rota das Emoções (CEPIMA), no Ceará, com certeza é Jericoacoara.

Pois era hora de chegar até essa charmosa e rústica vila, que pertence ao município de Jijoca de Jericoacoara.

Saímos tranquilos de Acaraú, sem pressa, principalmente em função da espera da maré baixa, e porque o começo seria em asfalto até Aranaú, uma vila perto do mar, depois da cidade de Cruz.










Cruz

Aranaú


Chegamos lá rapidamente. Fizemos hidratação e seguimos.

Sempre fui pela praia até o Preá, e na sequência, Jeri. Mas asfaltaram a estradinha de areia que liga as duas vilas, e foi fácil raciocinar que o pessoal preferia o asfalto. Foram cerca de 20 km, tranquilos, com vento a favor.

Cruzamos outras vilas, que cresceram um pouco devido ao asfalto, como Carrapateira e Castelhano. Entre elas, a bela e grande lagoa da Pinguela. Paramos no quiosque para hidratação.






Já no Preá, procuramos um local para almoço, e depois entramos na areia da praia, para fazer os últimos 12 km do dia. Foram 60 km no total.

Chegamos fácil ao pé do Morro do Serrote. Não tem outro jeito senão transpô-lo. A estrada, por onde os 4x4 circulam, são de areia fofa, impraticável para nós, ciclistas.

Da para subir até o topo, onde está o farol, empurrando, claro, e depois só descer por trilhas, pedalando, até Jeri.

Também dá para subir até a metade, empurrando, e contornar à esquerda o morro, pedalando, e também chegar às trilhas até lá. Desce menos nesse caso.

Pois alguns seguiram o Elidio, que já conhecia o local, pelo Farol, e outros foram comigo pela borda esquerda do morro.

Enfim, todos chegaram bem e felizes com a contemplação da vista maravilhosa, praticamente em 360 graus, de toda a região, com dunas, lagoas e um mar esplêndido.

Acredito que eram 15/15h30 quando chegamos à pousada reservada.

Dali, que era uma quarta, até sábado, foi só descanso e passeios. Tem muita atração por lá.

Show!





















Jericoacoara à praia de Maceió

 

Dois dias de descanso, com passeios em Jeri, e foi preciso continuar nossa jornada pela Rota das Emoções.

O primeiro foi bem festivo, pois comemoramos o aniversário da Cida. Alguns foram fazer passeios de 4x4 pela região, outros caminharam, etc.














































Próxima “cereja”, o Delta do Parnaíba, já no Piauí. Para tanto, precisaríamos fechar o estado do Ceará, pela última vila de praia, Bitupita, dois dias depois.

Saímos tarde de Jeri, no sábado, porque a maré não estava boa para nós.

Tivemos que fazer um belo de um empurrabike no começo, depois atravessar um canal com água quase na cintura, para daí então atravessar de barco o braço de mar em Guriu.

Tínhamos preparado alguns sanduíches, já sabendo que seriam quase 50 km até Camocim, sem condições de almoço.

























Paramos no meio do manguezal de Guriu, atração turística, para beber uma água de côco e comer os sanduíches. Mais areia de praia, e mais uma travessia de canal, em Nova Tatajuba. Com certa dificuldade, atravessamos.

Chegamos no meio da tarde em Camocim, atravessamos de balsa, e logo fomos até a Praia de Maceió, perfazendo 61 km no dia.






Camocim



Praia de Maceió


Nenhum perrengue poderia ser maior, do que chegar na pousada e ver 3 ou 4 ônibus de turismo parado na frente. O som alto e a gritaria dava para ouvir de longe. Não fui avisado disso quando reservei. Já tinha ficado naquele lugar outras vezes, mas era super tranquilo.

Difícil narrar exatamente o que víamos, mas tinham várias caixas de som, em alto volume, churrasco pra lá e pra cá, muita bebida, dezenas de garrafas de cerveja e sabe-se lá mais o quê.

Crianças e adultos na pequena piscina, pulando e gritando. A água não parecia de uma piscina… Desculpe, mas resumindo, era uma farofada só.

Até dou razão para os amigos donos da pousada, o Osmar, porque descobriram um meio de ganhar dinheiro na baixa temporada, permitindo que esses turistas de fim de semana, vindos de Teresina, no Piauí, lotem o local, levem suas bebidas e comidas, etc.

Mas eu teria de ser avisado, pois poderia recusar o pernoite lá, e procurado outro local, apesar da pouca opção.


Eu e o Osmar

Fomos jantar na barraca de praia dos donos. Caríssimo. Pelo menos saímos da muvuca. Eles disseram que às dez horas desligariam o som.

Tinha mais um porém. Verificando a tábua de marés, percebi que o melhor seria sair de madrugada. Pedi desconto na hospedagem, pela falta de informação, e também porque não tomaríamos café da manhã. Consegui.

O que ninguém conseguiu mesmo foi dormir…

 

Praia de Maceió a Parnaíba (PI)

 

Sofregamente partimos no domingo às 4 da madrugada, com faróis e piscas ligados. A areia estava firme e larga; a maré bem baixa. A perspectiva no escuro, na areia da praia, é muito diferente da feita de dia. Não se vê os braços de mar e os canais; vê-se apenas o que está bem próximo. Diria até que é bem sinistro.










Vimos o sol nascer nas nossas costas, permitindo registros espetaculares, melhorando também o astral do grupo. Com uma balsa (caríssima também), transpusemos a barra dos Remédios.








Já tínhamos pedalado 17 km, e mais o mesmo tanto depois, já com o dia claro, chegamos a Bitupita, último reduto do litoral cearense.

Acredito que era 7h30, e procuramos um lugar para tomar um cafezinho, além de aproveitar dar uma lavada nas bicicletas, pois dali sairíamos de barco, para já no Piauí, em Cajueiro da Praia, pegar asfalto.

Negociei o barco para as 9 horas, com a maré crescendo. A travessia foi longa e demorada, mas foi de boa.



Do outro lado, com mais alguns quilômetros de pedal, chegamos à Barra Grande. Fiz contato com o barqueiro, que poderia fazer a travessia da baía de Macapá. Marquei para as 12:30.

Maré alta, pouca faixa de areia, e lá fomos nós, quase todos, fazer uma “terapia” de empurrabikes, rs. Na ponta da barra, fizemos a travessia de banana boat, acreditam? Kkk.

Tem alguns registros disso… Divertido, mas talvez perigoso. Acabou tudo certo, felizmente.





Em Macapá almoçamos. Depois mais asfalto, num calor imenso, e chegamos na cidade de Parnaíba, parando umas duas vezes para hidratação. Concluímos o dia com praticamente 90 km pedalados, e mais uns 10 de travessias.

Ufa! Descanso merecido para no dia seguinte se aproximar dos Lençóis.


Parnaíba a Paulino Neves (MA)

 

Se o assunto é “cereja do bolo”, então era hora de mais uma.

Na segunda-feira deixamos Parnaíba para trás, e fomos até a vizinha Ilha Grande, mais precisamente no Porto de Tatus, para fazer a travessia do Delta do Parnaíba. Menos de 15 km.

Procuramos a empresa contratada, pagamos o remanescente da reserva, mas ainda faltava pagar uma taxa de embarque, no valor de R$ 10,00 por pessoa, que a senhora prefeita instituiu, a mor de não sei o quê.

Perguntando no guichê, o coitado do funcionário falou que era para manter o salário dos funcionários e da estrutura deles (sic). A cidade é muito pequena. Vamos para o que interessa.






Acomodamos as 9 bicicletas na voadeira de 16 lugares. Olhando a embarcação, parece que não caberá ninguém, só elas, mas deu tudo certo e começamos essa nova aventura.

Foram quase três horas de passeio, cruzando por dezenas de ilhas. No começo por águas doces do rio, e depois já com a mistura do sal do mar. O barqueiro nos conduziu até um igarapé, onde pudemos contemplar pequenos caranguejos avermelhados, alimentos das aves Guarás, que dão aquela pigmentação rosa a elas. Também vimos jacaré.

O manguezal do Delta é muito alto, lindo; a formação de suas raízes, que saem do alto para o chão, faz um emaranhado de troncos.

Ainda no caminho observamos uma família de macacos bugio, que descansava sob o tronco de algumas árvores.

Muitos pássaros se alimentavam no mangue, inclusive alguns Guarás, que em bandos de centenas, fazem uma revoada espetacular, seja de manhã cedo, quando saem para se alimentar, seja no final da tarde, para dormir na copa das árvores.

Infelizmente não estávamos nesses horários para apreciar essa beleza. Eu particularmente, já presenciei isso na região, em outras jornadas.

Paramos na metade do percurso, na ponta da Ilha das Canárias, junto a algumas belas dunas. Alguns desceram para curtir um pouco, e tirar umas fotografias; outros aproveitaram para um banho.






A travessia tem mais de 70 km, e do outro lado, já no Maranhão, aportamos na cidade de Tutoia.

É preciso destacar, que o Delta tem 25% de sua área no Piauí, e os 75% restantes, no Maranhão.

Na Rota das Emoções, que estamos fazendo, e como disse em outra ocasião, o Piauí é representado pelo Delta. A parte principal do Parnaíba passa por lá, e os passeios de barcos para turistas, também.

Desembarcamos e já seguimos até um restaurante, onde almoçamos e ficamos relaxando um pouco, para poder então enfrentar o estradão e o calor absurdo que estava fazendo.

O objetivo final era Paulino Neves, já nos Pequenos Lençóis, a menos de 30 km de distância. Seguimos tranquilos, com apenas uma parada para hidratação.

Final do dia foi só para descanso mesmo; saímos da pousada apenas para jantar.



Paulino Neves




Paulino Neves a Atins

 

A sequência da nossa aventura chegava, enfim, aos Lençóis.

Na manhã de terça-feira pegamos a estrada em direção a Caburé. Primeiro por asfalto, no caminho que leva a Barreirinhas, mas depois nos embrenhamos por estrada de chão (propriedade da empresa), beirando as dunas, e sob as altas torres de energia eólica.





Já com 15 km percorridos, descemos à praia do Barro Vermelho, e por suas areias fomos até Caburé, mais outros 15.


Era cedo ainda, talvez 10h30. Eu havia fretado um barco para fazer a travessia até Atins, marcando para as 13 horas. Ficamos num restaurante se hidratando, tomando banho no rio Preguiças, e coisa e tal. Resolvi perguntar para o pessoal local, se o barco aportado no rio não transporta a gente.

A resposta me surpreendeu. A moça disse que não, mas que poderíamos ir até a ponta do Caburé, mais uns 4 km e lá pegar um barco com os nativos de Atins, pois tem barracos/restaurantes e fica em frente à vila, na foz do rio Preguiças.

Não acreditei que a região tinha crescido tanto, em tão pouco tempo. Como já havia reservado a embarcação, fiquei em dúvida se valia à pena arriscar. É que a diferença de custo para transportar a gente, mais as nove bicicletas, seria de seis vezes menos que o contratado, com uma voadeira.

Decidido, consegui sinal com o Wi-Fi do restaurante, liguei cancelando o barco (não tinha pago ainda), e voltamos para a areia, talvez a uns 200 metros do rio, e aproveitando o resto da maré baixa, chegamos ao ponto citado, 8 km adiante.

Aquele lugar estava repleto de kite surfistas, com suas velas coloridas deslizando pelas marolas do rio, já no encontro do mar.

Do outro lado via-se a antes pacata Atins, transformada quase que numa “Pipa”, “Jeri”, “Forte”, “Itacaré”…

Bem, o barquinho realmente estava ali. Acertamos o preço (era o que a moça informou), e atravessamos em três viagens.





Já em Atins, todos reunidos, no meio daqueles bares e restaurantes chiques, fomos até a pousada reservada com muita antecedência.

Atins não foi feita para bicicletas. Acredito que nem as fat bikes andam por lá. As vielas são todas de areia escura, e extremamente fofa e quente; para caminhar é difícil, e para caminhar empurrando as bicicletas pesadas, então…

Exaustos, chegamos. Abrigados, imediatamente procuramos um restaurante ao lado, e reservamos um belo PF.

Tudo por lá tem um custo bem maior do que o normal. Logo todos já tinham feito sua refeição. Alguns foram dar um rolê, outros só descansaram mesmo.

Quando fiz as duas travessias dos Lençóis, com as bicicletas, havia contratado um guia local. O custo é alto, mas vale à pena. Desta vez não tinha ainda conseguido fazer esse contato, pois o número mudou, e por dias antes de viajar, tentei encontrá-lo, em vão.

Tinha a alternativa de ir por conta, pois experiência já possuía, e o gps com a linha que percorri em 2019 estava gravada, mas o grupo, claro, não se sentia seguro, nem eu. A época é de seca, as dunas estão fofas, as lagoas sem água, o sol e os ventos são fortes. Castiga, e muito. É necessário carregar muita água. Como fazer com os alforjes já lotados?

Felizmente, na própria pousada consegui um apoio. Negociei o valor, e chamei o grupo para uma conversa no final do dia.

Expliquei que havia conseguido o apoio; que o rapaz iria com um quadriciclo, e levaria nossas bagagens e reserva de água.

Perguntei se todos iriam encarar o desafio. Eles saíram de suas casas sabendo de todos os perrengues, inclusive dessa travessia.

Infelizmente, por questões muito particulares, que ela não precisou expor, a Lia decidiu ficar em Atins, depois seguir para Barreirinhas e, finalmente, São Luís, abortando a sequência da cicloviagem. Ela disse que chegara ao seu limite, e que cada um tem o seu. Todos compreenderam, tristes; ainda tentamos dissuadir dessa ideia, mas foi em vão.

Preparamos lanches e bebidas para a empreitada.

Era só esperar.


Atins a Santo Amaro do Maranhão (Travessia dos Lençóis)

 

Chegou o dia especial. Dia de atravessar os Lençóis, o maior dos desafios.

Foi na quarta-feira, 27 de setembro.

O dia amanheceu nublado, felizmente. Prenúncio, talvez, de menos calor, e até chuva.

Marquei para sairmos às sete da manhã, e aproveitar a maré baixa.

Antes do horário, nosso apoio já estava por lá, com seu quadriciclo. Não sei como, mas conseguimos colocar nossos alforjes, líquidos para hidratação e alimentos naquele pequeno veículo.



Da pousada até a praia, próximo de onde desembarcamos no dia anterior, tinha aquela areia fofa toda para suplantar. Já na areia, seguimos de forma tranquila, até precisar passar por trilhas, e chegar numa lagoa.

O rapaz do quadriciclo disse que iria pelas trilhas, e nós deveríamos ir pela beirada da lagoa, até um ponto cujo nome não lembro, e que também não sabia onde era.

Eu tinha a rota do gps, que deixei a cargo do Cézar acompanhar. Ele disse que até ali estava praticamente igual.

Porém, como a seca era muito grande, fomos contornando a lagoa muito à direita, saindo da rota. Parecia o melhor jeito de chegar até o Canto do Atins, onde encontraríamos a areia do mar novamente, e a praia dos Lençóis.





No meio daquela vastidão, de lodo, lama, areia, que com a maré cheia estaria alagada, o grupo se separou, quase que espontaneamente. Pelo visual, alguns foram mais à direita ainda, com o Adir conduzindo a Carmo, o Osvaldo e o Wilson.

Na outra vertente, eu a Cida, o Elidio e o Cézar. Gritava chamando os demais, mas eles seguiam firme em outra direção.

Eu via a pequena vila à nossa esquerda, e à frente, bem ao fundo, muito longe, as dunas dos Lençóis. Tinha certeza que eu estava certo, pois era no Canto que começava a praia.

O Cézar, com o gps, confirmava minha expectativa, indicando que deveríamos seguir à esquerda, buscando a rota certa. Fiquei aflito por um só motivo: o tempo que tínhamos para aproveitar a maré.

Grupo separado em dois; nós os víamos pequeninos lá longe, enquanto enfrentávamos o pântano, o mangue, etc. Contaram para nós depois, que também nos viam pequeninos no meio da vegetação.





Nada do quadriciclo…

Já tínhamos feito uns 10 km, afundado os pés até os joelhos, atravessado córregos, até atingirmos terra mais firme, uma trilha, a linha do gps, e, principalmente, o quadriciclo.

Pelo menos vimos muitas aves, inclusive os guarás, lindos, de pigmentação avermelhada, em função de comer pequenos caranguejos dessa cor.

E o resto do grupo? Bem, a certa altura, quando estávamos próximos à trilha correta, percebi que fizeram uma linha correta mais à frente, indo à esquerda em direção à praia.

O problema que simplesmente tinha o mar para atravessar, para pegarem também a linha correta, e atingirem a praia.

Para sorte deles, e alívio de todos, a maré estava super baixa, e com água pouco abaixo dos joelhos, conseguiram atravessar. Fiquei tranquilo ao vê-los, de longe, passarem pelo perrengue com sucesso.

O nosso grupo ainda percorreu 5 km por trilhas para atingir a praia, bem longe do Canto do Atins, que ficou para trás.

Reunidos, iniciamos a cruzada pela praia, mais uns 35 km, até o ponto correto, para num ângulo de 90 graus, iniciar a travessia.

Mas como até era previsível, mais perrengues poderiam acontecer ainda.

Foi a vez da bicicleta do Wilson “morrer” de vez. Não tinha mais rolamentos no cubo da roda traseira, que ficou bamba. PT geral.

No desespero, o Wilson chegou a dizer que ficaria por ali, esperando o rapaz voltar, e abortaria também a cicloviagem. Na hora dissuadi; disse que ele iria conosco, que daríamos um jeito. O quadriciclo não aguentaria o peso dele e da bicicleta.

Primeiro tentamos pegar carona segurando no veículo, mas o Wilson não tinha jeito para aquilo. Depois o Adir pegou a bicicleta dele, e tentou, mas a irregularidade da areia, em alguns pontos, não permitia.

Amarrar uma corda? Talvez, mas também iria acontecer a mesma coisa. Amarraram a bicicleta junto aos alforjes, e o Wilson passou a caminhar.

Quando estávamos todos juntos, resolvi deixar minha bicicleta para ele, e seguir correndo.

Logo fui alcançado pelo Osvaldo, que disse que essa era uma tarefa para ele, que era maratonista. Aceitei na hora, pois fazia muito sentido.

O grupo foi seguindo à frente; tínhamos uns 7 km até o ponto.

Fiquei junto com eles atrás, por um tempo, depois adiantei e fiquei no meio, observando o que acontecia lá e à frente.

Nesse momento, o condutor do quadriciclo, sabendo que deveríamos seguir mais rápido, e o Wilson não conseguiria acompanhar a pé, resolveu ir até Santo Amaro, deixar nossas bagagens e a bicicleta, para então retornar e poder auxiliar, carregando o Wilson.

Achei providencial, e pedi para que ele trouxesse mais água e algum refrigerante para nós.

Único problema é que não tínhamos certeza se ele iria encontrar a gente naquela imensidão branca. Avisei a ele que iria mais adiante pela praia, e só entraria para os lençóis, quando estivesse exatamente no ponto certo dos noventa graus, como indicava o GPS. Ele compreendeu e partiu em diagonal, desaparecendo depois entre as dunas.

Ficamos “sozinhos” no caminho.

O Adir revezou com o Osvaldo, e finalmente também chegaram. Exaustos, é claro, e o Osvaldo com bolha no pé, devido ao atrito com a areia.





Vencemos os 50 km de trilhas e praia, e agora era hora de enfrentar as dunas e lagoas dos Lençóis.

Em linha reta, um a um, fomos nos embrenhando naquele deserto de areia clara, fofa e fresquinha, por incrível que pareça.

O sol que não tinha dado as caras (até uns borrifos de água de chuva caiu antes), resolveu mostrar-se bem nesse momento. A partir dali o calor aumentou pra valer.

Se por um lado as lagoas vazias frustram um pouco, elas, por outro lado, proporcionavam até muitos momentos de pedaladas.

Éramos guiados pela direção do sol, dos ventos, e do gps.

Andávamos e pedalávamos como se fôssemos cobras, serpenteando os Lençóis.

Que aventura!


















Na metade da travessia, felizmente vimos o quadriciclo, que nos trouxe alívio e líquidos para hidratação. Comemos também os sanduíches que preparamos no dia anterior.

O Wilson não precisou mais caminhar, e os trechos de pedaladas foram ficando cada vez maiores, deixando o percurso mais rápido.

Foram 16 km, sendo que os últimos já por trilhas, ao lado do lago perene da região de Santo Amaro do Maranhão.

Ufa! Vencemos. Chegamos no meio da tarde.


Santo Amaro do Maranhão - Icatu – São Luis

 

GRAN FINALE - Nordeste 2023

Passamos duas noites em Santo Amaro do Maranhão.

Gosto de lá, mais do que Barreirinhas, que seria a cidade principal dos Lençóis. Local de muitas pousadas, restaurantes e de onde partem os passeios até os principais atrativos da região.

Mas Santo Amaro é mais tranquila; você pode chegar às dunas e lagoas sem condução. Também tem um pôr do sol fantástico. Por isso deixei de fazer a rota por Barreirinhas.

Era a nona vez que eu estava ali nos Lençóis, e a oitava em Santo Amaro.

Depois da travessia no dia anterior, deixei a quinta-feira totalmente livre para descanso. O Wilson conseguiu dar um jeito na sua bicicleta, na única oficina local.

Fizemos nosso próprio almoço na pousada, a São José, onde a dona Marineide recebe a gente muito bem e faz um preço justo para a estadia. Aproveitamos o bom preço do camarão, e preparamos um belo e delicioso risoto. Além de economizarmos, mantivemos o grupo unido, e interagindo melhor.

Confesso que bebemos bastante nesse dia. Compramos polpa de graviola, caju e bacuri, leite condensado, gelo e pinga. Deu no que deu… kkk

De noite corremos até as dunas ver o pôr do sol e a lua cheia ao mesmo tempo.

Que espetáculo!!!! Pena que alguns caminharam mais devagar e perderam uma parte. Mas ficaram os belos registros.




























Tiramos a sexta-feira, dia 29, para nos aproximar de São Luís. Pedalando, é claro, mas não todo o trecho.

Na quinta, ainda, fretei duas camionetas para transportar a gente e as bicicletas até o trevo de Humberto de Campos. Faríamos 100 km nesse dia, e com isso economizaria 36 km.

Isso porque sempre reiniciava o pedal 36 km adiante de Santo Amaro, junto a estrada MA 402, que liga a Barreirinhas, mas fechei com os motoristas, para nos deixar mais 36 km adiante, justamente no trevo que citei.

Deixamos a pousada por volta das 8 horas, e em pouco mais de uma hora já estávamos prontos para o pedal até Morros, cidade que pelo meu programa, iríamos pernoitar.

Asfalto, calor e, para variar, algumas dificuldades com as bicicletas A do Wilson capengava novamente; pneu furado do Cézar, e a minha já dava sinais de “cansaço” (tadinha…).

Mas deu tudo certo. Aos poucos, em pequenos grupos, com o Elidio sempre à frente (deve ter chegado meia hora antes, ou mais), chegamos na região de Morros para almoçar, e traçar a sequência da cicloviagem até São Luís.


Fiz travessias por Icatu e Jussatuba das outras vezes.

Em Icatu, com sorte, freta-se uma Biana (embarcação típica da região); em Jussatuba tem barco grande de linha até São José do Ribamar, do outro lado da baía do Arraial, já na ilha onde fica São Luís, a Upaon-Açu (significa “ilha grande”, em tupi-guarani, dos índios Tremembés).

Infelizmente não consegui o contato do barqueiro de Jussatuba, e não tinha garantias de que faria a travessia naquele sábado, nem a que horas, principalmente, porque depende muito da maré, já que o porto do local fica junto a um braço de mar, num manguezal.

Fiz diversos contatos com serviços públicos de Icatu, e não consegui essa definição. As informações onde estávamos eram desencontradas, e só deixavam a gente mais confuso ainda.

Como era cedo, fizemos uma pequena reunião no restaurante, e decidimos por adiantar o trajeto para o dia seguinte, indo pernoitar em Icatu, já que se desse certo sair de Jussatuba, Icatu ficava no caminho.

É preciso explicar, que também é possível ir até São Luís por terra, ou seja, por rodovias, passando por Rosário e Bacabeira, mas é claro que a travessia de barco é mais curta e mais legal.

Icatu é muito pequena, e com pouca opção de estadia. Em outras oportunidades, chegamos a dormir em um hotel muito ruim, e temia ter que passar esse tipo de perrengue novamente.

Mas em consulta à internet, vimos que tinha uma pousada melhor. Ligamos para lá, confirmamos nossa presença e partimos. Lá resolveríamos sobre a travessia.

Foram apenas 12 km, mas um pouco sofrível. Calor, sobe e desce constante, bicicletas nos cacos, final de viagem… Fechamos o dia em 76 km.

Na praça principal da cidade, junto ao pequeno porto, pedi para o pessoal ir se acomodar na pousada, enquanto eu fui investigar sobre o barco de linha de Jussatuba, ou até mesmo voltar a fretar uma Biana por ali.

Muitas aves, inclusive urubus, ficam atrás de carniças de peixes, trazidas por pescadores, que negociam o que conseguem no dia.

Falei com uma porção de pescadores, e nada do contato de Jussatuba. Então resolvi arriscar e ver se conseguia uma Biana. E não é que deu certo.

Apareceu um marisqueiro, muito legal, que aceitou o desafio. Sim, desafio, porque atravessar aquele canal não é fácil.

Fez o preço, e marcou para as 6 da manhã do sábado nossa partida. Fechado!

Saí feliz da vida, porque não precisaríamos sair às 4/5 da manhã e ir até Jussatuba, por mais 16 km, em estrada de chão e areia fofa, e sem ter certeza de que teria um barco de linha lá.

Levei a boa notícia a todos na pousada. Jantamos por lá mesmo, e dormimos cedo.

Não sei os outros, mas eu não dormi o suficiente. O motivo? Antes das três da manhã, acordei para ir ao banheiro, e logo percebi algo escuro e grande no teto do quarto. Era uma baita de uma aranha, acredito que uma armadeira, não sei.

Ela não estava sobre a cama que eu e a Carmo dormíamos, mas um pouco em frente à porta de entrada. Não se movia.

Medo de aranha? Que nada. Meu medo era a Carmo acordar a pousada inteira aos gritos, rs.

Resolvi deixar a aranha e a Carmo quietinhas, cada uma no seu espaço.

Claro que não dormi, pois apertava o celular ao meu lado, de instante em instante, para com a pequena claridade, ver se a dita cuja ainda estava “dormindo”.

O tempo passou, e ela felizmente não saiu do lugar. Às cinco horas tocou o despertador e a Carmo acordou. Disse a ela para acender apenas a luz do banheiro. Ela não entendeu nada, mas eu não queria é acordar a bichinha lá no teto, nem que a Carmo a visse.

Levantei também e começamos o processo de ajeitar tudo nos alforjes, e preparar para a jornada do dia.

A Carmo acendeu a luz do quarto, e eu fiquei só esperando pra ver no que ia dar.

Em pouco tempo, quando ela passava creme no rosto, ela olhou para cima e viu a aranha, com um certo medo.

Imediatamente expliquei que já monitorava ela, e continuamos com nossas tarefas. Só que, com a luz, a aranha deve ter acordado, e começou a se mexer, até que pulou em cima da cama, kkkk.

Abri a porta, puxei a colcha com ela e joguei ao chão da varanda, e depois consegui que ela fosse parar na areia, no pátio, dando um tapa na colcha, bem do outro lado onde ela estava.

Tinha umas galinhas por ali, e acredito que enquanto tomávamos café, elas comeram a aranha. Bem, estava torcendo para que fosse isso, pois ela também podia ter subido em uma de nossas bicicletas, e se escondido. Ui!

Hora de enfrentar o mar. Seis horas em ponto, como combinado, já estávamos no Porto, que era bem perto. Meia hora esperando, e nada do nosso barqueiro.


Consegui informações por ali, de que certamente ele viria, pois era super sério, e que se ele assumiu o compromisso, iria cumprir.

Eu já tinha uma carta da manga a essas alturas, caso ele desse os canos, pois um outro pescador disse que atenderia a gente se ele não aparecesse. Felizmente ele veio, e com muito jeito, acomodamos as bicicletas e bagagens, e partimos.

A primeira parte, ainda na saída da baía, estava tudo tranquilo, sem ondas, e o barco seguia normalmente, mas só foi entrar no canal, que as coisas mudaram.


Ninho de Guarás

O vento forte, que até então estava calmo, se transformou, e as ondas balançavam a pequena Biana.

O barco seguia “furando” as ondas em direção a São José do Ribamar, e batia o casco, espirrando muita água.

Nessa altura, cada um de nós reagia de uma forma. Única que mareou foi a Cida, que “chamou o Hugo”, como diziam os antigos.

Depois o barqueiro resolveu seguir paralelo às ondas, em direção ao continente, justamente para evitar aquelas batidas. Só que as coisas ficaram piores, e a embarcação balançava um monte.

Como dá para ficar ainda mais complicado, o motor parou. Suspense. Soube depois que a Cida ficou em pânico. O pessoal da frente, por sorte, não percebeu o motor desligado, senão teriam reação pior.

O barqueiro e seu ajudante, entraram na cabine do motor, e disseram que a mangueira que suga a água do porão, tinha se soltado.

Estávamos no meio da travessia, que levou três horas. Eu fiquei incumbido de segurar o leme, enquanto tentavam reparar o dano, para mantê-lo na linha enquanto ficava à deriva.

Felizmente a coisa parecia não ser grave, e o capitão ligou o motor novamente, seguindo viagem.

Já navegando mais paralelo às praias, o motor voltou a falhar; novo suspense, mesmo problema, que também foi corrigido de certa forma com rapidez.

Chegamos ao porto de Ribamar, mas para ir à terra firme, precisamos novamente do esforço de todos, e carregar nossas bagagens e bicicletas por meio do lodo.

Ufa! Estava terminando nossa saga.


Agora era pegar estrada até a praia de Araçagi, ainda em Ribamar, e, na sequência, as praias de São Luís (Calhau), nosso destino final. Foram apenas 25 km.




São José do Ribamar












O resto do dia foi de descanso para alguns, e de passeio para outros. A Lia, que já tinha chegado de Barreirinhas, foi com o Cézar fazer um tour pela cidade.


Domingo, passeamos pelo centro histórico da capital maranhense, e depois desmontamos as bicicletas para embalar apenas na segunda-feira, dia do nosso retorno a Curitiba.


















De Aracajú a São Luís pedalamos cerca de 2.300 km, em um mês e meio.

Tivemos apenas dez dias de descanso, se é que dá para chamar de descanso, pois em alguns casos pedalamos e caminhamos.

Eu, a Carmo, o Adir, o Elidio e o Wilson, fizemos a totalidade, enquanto que a Silmara fez duas das três etapas.

O Haroldo, o Luiz Fernando e o Bassam, fizeram apenas a primeira etapa.

O René e o Joaquim se juntaram a nós apenas na segunda.

Para a terceira e última, o CEPIMA, a Rota das Emoções, o Cézar, a Cida, a Lia e o Osvaldo, passaram a fazer parte do grupo.

Cada um, certamente, tem um jeito seu para contar essa mesma história.

Todos sabiam de antemão os perrengues que passariam, e teriam que superar suas dificuldades para chegar até o fim de suas etapas.

As bicicletas sofrem muito no litoral. Mais ainda quando se entra literalmente dentro do mar. Mas dá para afirmar que, de um modo geral, elas até que aguentaram.

Foram poucos os problemas mais sérios, e na verdade só a situação narrada na travessia dos Lençóis, é que não tinha como dar um jeito (bicicleta do Wilson).

A maior das dificuldades que todos passaram, e que precisa de muita paciência, empatia e resiliência, é quanto às relações interpessoais. Lidar com o emocional.

Imaginem que todos ficaram muitos dias longe de seus familiares, lares e hábitos, e, de repente, tiveram que conviver com pessoas que, mesmo que conhecidas ou amigas, tinham que dividir quarto, aguentar as chatices e manias que cada um de nós temos. E somos diferentes, e é isso que encanta.

Sobrevivemos, kkk

Obrigado aos amigos que participaram dessa aventura; que aceitaram o desafio, e ao seu jeito, curtiram o passeio pelo lindo litoral do nosso Nordeste.

Obrigado também a você, que acompanhou nossos relatos, fotos e vídeos que postamos nas redes sociais, em tempo real. Também a você, que mesmo tempos depois, está lendo e curtindo a nossa aventura. 

Espero que tenham gostado.

Fiquem, finalmente, com dezenas de outros registros, e que estão fora da ordem cronológica, feitos pelos nossos amigos/parceiros dessa aventura maravilhosa.




























São Luís












Iracema - Fortaleza

Praia do Patacho



Catedral de Fortaleza






Forte Reis Magos, Natal


















































 
















































































































Forte Orange - Ilha de Itamaracá






































Só love...



























































































Pousada Angélica, Jeri